Da segurança territorial a nome de ruas, a influência militar na história de Campo Grande
História de Campo Grande passa pela ascensão de poder dos militares, que chegaram para garantir a segurança territorial e hoje são homenageados em diversas ruas
Priscilla Peres –
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Presidente Ernesto Geisel, Costa e Silva, Pedro Celestino, Duque de Caxias, Tamandaré. Várias coisas em comum unem estes nomes. Todos são homens, fazem parte da história do Brasil, são ruas de Campo Grande e foram militares.
Campo Grande tem várias alusões a militares pelas ruas. Mas, nenhum estudo que catalogue todas as vias considerando a influência militar. O mais perto disso são sete pesquisas da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) que analisaram a toponímia de Campo Grande, por região.
Em um dos trabalhos, foram analisados 251 axiotopônimos, que são topônimos relativos aos títulos que acompanham nomes próprios de pessoa, das regiões Lagoa, Prosa e Bandeira. A principal categoria de títulos identificada são 77, relativos à hierarquia militar.
Militares fazem parte da história de Campo Grande
Historicamente os quarteis militares foram construídos de forma estratégica para defender o território brasileiro. Foi assim que Corumbá recebeu o Forte Coimbra, palco da Guerra da Tríplice Aliança. Nessa época, Corumbá era uma das cidades mais fortes de Mato Grosso do Sul.
Os militares começam a integram a história de Campo Grande em 1920, com a inauguração de quarteis e a consequente vinda de tropas do Exército. A cidade passa a ser um centro importante para a comunidade e a defesa estadual, que se deslocavam mais rápido daqui pelas ferrovias.
“Nessa época os militares passaram a ter força, alguns foram políticos, assumiram cargos públicos. Importantes generais estiveram aqui e foram eles que ajudaram a definir os rumos de Campo Grande”, lembra o professor e escritor Eronildo Barbosa.
Com o passar dos anos os militares começaram a influenciar também na cultura, educação, organizações familiares e política de Campo Grande. “Na década de 60 os principais professores eram militares, pois não havia mão de obra capacitada para essas categorias. Além disso, os militares também começaram a se casaram com as filhas da burguesia daqui e em seguida, se candidatar a cargos políticos”, contextualiza o professor.
De autoridade a nomes de rua
Anos depois houve uma grande união política militar de famílias importantes com o Exército para apoiar a revolução constitucionalista de 32, onde o Estado foi solidário. A partir de então cresceu a influência dos militares na política e na sociedade.
“As ruas da cidade expressam o poder que a burguesia tem para se reproduzir enquanto classe. Quando um político homenageia um militar, ele está buscando uma interação com o poder além de reconhecimento. O poder público não reconhece, por exemplo, um soldado. A política é hegemoneada pela burguesia”, é o que explica o Doutor em Educação, Eronildo Barbosa.
Homenagem a nomes da Ditadura Militar
Campo Grande está elencada no Ditamapa, um site que lista no país lugares que homenageiam ditadores militares. Na capital são as avenidas Costa e Silva e Ernesto Geisel, sendo que o primeiro foi o segundo presidente do regime militar e Geisel o quarto presidente durante a ditadura.
Em 2014, em protesto anônimo contra as homenagens nas ruas de Campo Grande, as placas amanheceram cobertas com adesivos falsos mudando os nomes das vias para lideranças de movimentos sociais sul-mato-grossenses.
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