Convivendo com risco de doenças graves, 38 pessoas aguardam na fila da bariátrica em Campo Grande
Obesos passam por uma verdadeira jornada para conseguir o procedimento
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Na esperança de perder peso, driblar problemas de saúde preexistentes e obter qualidade de vida, 38 pessoas de Campo Grande esperam, atualmente, o chamado para a mesa de cirurgia onde realizarão o procedimento de redução de estômago pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Também conhecida como cirurgia bariátrica, o procedimento proporciona emagrecimento rápido para pessoas que se encontram em quadro de obesidade mórbida.
Para quem aguarda a convocação, a espera acaba sendo um aprendizado, no qual precisam lidar com uma iminente nova realidade na qual a alimentação passa a sofrer uma série de restrições, principalmente nos primeiros meses. O procedimento é utilizado para controlar doenças como pressão alta, diabetes, problemas nas articulações, dificuldades respiratórias, gota, e até algumas formas de câncer — conforme informações do Ministério da Saúde, estes são alguns dos problemas que o excesso de peso pode trazer.
A longa espera pela cirurgia bariátrica na rede pública é um obstáculo e a situação se agravou mais ainda por conta da pandemia do coronavírus, no qual pessoas obesas entraram no grupo de risco da Covid-19. Paralelo a isso, as cirurgias eletivas — em que se enquadra a bariátrica — foram paralisados devido à lotação dos hospitais com infectados pelo vírus, que demandou leitos e médicos.
Após cerca de dois anos sem serem realizados, os procedimentos eletivos — aqueles que não são considerados de urgência — voltaram gradativamente a partir do segundo semestre do ano passado em Mato Grosso do Sul. Na Capital, no entanto, apenas o HRMS (Hospital Regional de MS) e o Humap (Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian) estão realizando essas cirurgias pela rede pública.
No Brasil, o número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS caiu em 69,9% em um ano, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020, segundo dados do Portal Hospitais do Brasil. Em 2021, até o mês de outubro, foram realizadas 1.940 cirurgias, uma redução em 84,5% se comparado a 2019. A realização dos procedimentos pelos planos de saúde também caiu 11,9%, saindo de 52.599 procedimentos realizados em 2019, para 46.419 cirurgias no ano seguinte.
Jornada
Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o tempo de espera para uma cirurgia bariátrica varia de acordo com cada caso e necessidade. Na semana passada, uma das 38 pessoas que estão na fila para o procedimento, uma mulher de 53 anos, mobilizou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e o Corpo de Bombeiros.
Na ocasião, o marido dela relatou as dificuldades ao Jornal Midiamax, já que a esposa não consegue se movimentar. Ela aguarda na fila do SUS pela bariátrica há três anos e a família chegou a tentar tratamento por internação em unidade hospitalar. No entanto, por conta da pandemia, a internação não foi possível. Segundo ele, a esposa já perdeu duas tias por problemas de saúde em decorrência da obesidade.
A pasta de saúde informou à reportagem que até chegar o momento da cirurgia, o paciente precisa passar por diversos estágios, que vão desde a consulta inicial na unidade básica de saúde, passando por encaminhamento e consulta com especialista, além de acompanhamento pré-cirúrgico já no hospital onde o procedimento será realizado. Os pacientes precisam obter laudos favoráveis para a cirurgia, tais como laudo de risco cardíaco, laudo nutricional, psicológico e de endocrinologista.
Sobre o tipo de técnica usada pelos médicos, a Sesau disse que depende da recomendação a cada paciente. As técnicas mais utilizadas são bypass — com divisão do estômago original e uma espécie de rearranjo do aparelho digestivo, de forma que a digestão ocorre no intestino, diminuindo tanto a quantidade de alimento ingerido, como a absorção do mesmo — e a sleeve (gastrectomia vertical), na qual o estômago é literalmente reduzido, diminuindo a capacidade de ingestão.
Como saber o peso ideal?
A obesidade é determinada pelo IMC (Índice de Massa Corporal), um cálculo que considera peso (em kg) e altura (em metros). O resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado.
Classificação do IMC:
- Menor que 18,5 – Abaixo do peso
- Entre 18,5 e 24,9 – Peso normal
- Entre 25 e 29,9 – Sobrepeso (acima do peso desejado)
- Igual ou acima de 30 – Obesidade
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