Acadêmicos da UFMS protestam contra corte do MEC e lamentam falta de dinheiro nas contas
Concentração é na Praça Ary Coelho. Estudantes lamentam cortes de bolsas do Auxílio Federal e ressaltam que já não receberam dinheiro esse mês
Nathália Rabelo, Clayton Neves –
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Acadêmicos e professores da UFMS (Universidade Federal de Mato Gross do Sul) se reúnem na manhã desta quinta-feira (8) em protesto contra o bloqueio do MEC (Ministério da Educação) que impede o pagamento de bolsas e auxílios por parte da universidade. Concentração ocorre na Praça Ary Coelho, localizada na região central de Campo Grande.
Conforme os participantes do ato, a manifestação ocorre devido ao corte de gastos do Governo Federal que prejudicou as bolsas dos estudantes, como auxílio moradia, para mestrado, doutorado e até custeio da universidade para pagamento de água, luz e segurança.
Presidente da ADUFMS (Associação dos Docentes da Fundação de MS) da universidade federal, o professor Marco Aurélio Stefanes esteve presente no ato. Ele contou ao Jornal Midiamax que a UFMS recebeu R$ 45 milhões de investimentos em 2015. Em 2022, a realidade é bem diferente e o rapasse caiu para R$ 7 milhões, uma diferença de R$ 38 milhões a menos em sete anos.
“É um corte bastante significativo. Durante o ano e os anos anteriores do atual governo, a gente já teve alguns contingenciamentos e foi preocupante, mas agora entrou em uma situação drástica e dramática”, ressalta.
Para se ter uma ideia, a UFMS não teve auxílio no custeio para pagar água, luz, segurança, aluguel e demais despesas essenciais. Em todo o Estado, cerca de 3 mil alunos de graduação tiveram suas bolsas de permanência e auxílio moradia, custeadas em R$ 400 atualmente, cortadas.
Outros 60 cursos de pós-graduação também tiveram o repasse comprometido. Além disso, a falta de dinheiro também compromete o setor de saúde do Estado, visto que muitos profissionais fazem residência no Hospital Regional por meio das bolsas e agora estão impossibilitados de receber a verba.
Saldo zero nas contas
Imagina olhar a sua conta bancária e ver que o dinheiro ainda não caiu. Essa é a realidade de muitos acadêmicos das universidades federais que necessitam das bolsas para sobreviver e bancar os custos. A Bruna Conceição Ximenez, por exemplo, é psicóloga e faz mestrado em Educação desde fevereiro deste ano e passou a receber bolsa de R$ 1500 em junho.
A condição para receber esse valor é ter dedicação exclusiva à universidade, ou seja, ela cumpre 20 horas obrigatórias na UFMS e não pode trabalhar. Portanto, o dinheiro da bolsa era usado para se manter. Por isso, junto com o aviso do MEC, outra surpresa abalou a vida financeira de Bruna: o dinheiro da bolsa de dezembro ainda não caiu na conta bancária e não há previsão de recebimento.
“O povo não tem noção do que se faz dentro da universidade, acha que a gente faz balbúrdia, mas estamos a todo tempo produzindo e fazendo pesquisa para a comunidade”, explica.
A estudante de nutrição Isabella Gonçalves passa pelo mesmo desespero, visto que recebe R$ 400 de auxílio permanência e até agora o dinheiro não está disponível. Ela ressalta o quanto a quantia é importante para custear gastos extras com educação e ajudar a família em casa, especialmente porque o curso é integral e fica difícil de trabalhar.
“Você não tem o direito nem de ser pobre”, esbraveja.
O protesto na Praça Ary Coelho segue de forma pacífica e é acompanhado pela Guarda Municipal Metropolitana.
Bloqueio de repasse à UFMS
Novo bloqueio do MEC (Ministério da Educação) impede a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) de pagar bolsas e auxílios a estudantes. Em nota, a universidade diz que o atual bloqueio do repasse pelo governo federal prejudicará mais de 4 mil estudantes da Universidade.
Segundo a UFMS, com a suspensão dos repasses por parte do governo federal neste mês de dezembro para as universidades federais, não será possível pagar as bolsas, auxílios de apoio a estudante com deficiência, de permanência, de moradia, de alimentação e de creche, além das bolsas de iniciação científica, PET, PIBITI, Pesquisa, Apoio à Docência, Pró-estágio e Promisaes na UFMS, além dos contratos de serviços terceirizados, diárias e outros serviços contratados.
Ainda de acordo com a universidade, por meio do Decreto e informações reiteradas por mensagem Siafi 2022/3095354, enviada pelo Setor Financeiro do MEC, na noite do dia 1º de dezembro, foi informado que as universidades federais não receberão repasses financeiros até o final deste ano.
“Rotineiramente, nos primeiros dias de cada mês, é liberado recurso financeiro pelo governo para pagamento das despesas liquidadas no mês anterior. Entretanto, até o momento, a Universidade não recebeu nada”, explica a Pró-Reitora de Planejamento, Orçamento e Finanças, Dulce Tristão.
Além da suspensão dos repasses financeiros, o Governo Federal anunciou no mesmo dia 1º novo bloqueio de recursos orçamentários para as universidades federais. No total, a UFMS já teve um bloqueio de mais de R$ 9 milhões em 2022.
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