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Cotidiano

Superbactéria no HRMS já foi motivo de investigação do MP que terminou sem denunciados há 18 anos

Em 2003, a Anvisa fez um levantamento e confirmou 32 mortes de pacientes do hospital causadas pelo germe
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O extrato do contrato foi publicado em Diário Oficial do Estado.
O extrato do contrato foi publicado em Diário Oficial do Estado.

O surgimento recente de pacientes que contraíram superbactéria no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) trouxe à tona caso registrado há quase duas décadas, quando 32 pessoas morreram após serem infectadas pela bactéria no hospital. Em 2003, pacientes não resistiram ao contrair o germe e situação virou caso de investigação pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), mas acabou sendo arquivado em 2004 e ninguém foi punido. 

Em 2003, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fez um levantamento e confirmou 32 mortes de pacientes do hospital causadas por superbactéria. Naquele ano, os organismos foram encontrados em lavatórios das UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), na enfermaria, na pia em que os medicamentos eram preparados no 6º andar do HRMS e também na porta das UTIs adulto.

Apenas um medicamento consegue tratar a superbactéria: o Polimixina B, que é uma categoria de antibiótico considerado essencial para pacientes em tratamento intensivo e internados a longo prazo. O medicamento é administrado quando outras drogas já não dão conta de combater a infecção por bactérias super-resistentes. No entanto, chegou a estar em falta no hospital, apesar do contrato de R$ 606,9 mil do Governo do Estado com a Opem Representação Importadora Exportadora e Distribuidora para a disponibilidade do medicamento. 

Em abril, uma denúncia indicava que o antibiótico estava em falta e, recentemente, um paciente que contraiu a bactéria ao ficar internado para tratar covid teve negativa ao remédio, que estava em falta. Familiares do paciente alegam que cada ampola não sai por menos de R$ 250 e o paciente precisa de 56 delas, o que soma uma despesa de R$ 14 mil.

A reportagem do Jornal Midiamax procurou o MPMS via assessoria de comunicação para obter informações acerca de possibilidade de reabertura de investigação em razão dos novos aparecimentos de pacientes contraídos com a superbactéria e aguarda resposta. O HRMS também foi procurado, desde segunda-feira (19), para comentar os casos recentes, mas não houve resposta. 

Essencial para internados em UTI

O medicamento é extremamente importante em casos de internações em UTI, de acordo afirmou o Sinmed MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) em reportagem anterior do Midiamax. De acordo com o médico presidente do Sinmed MS, Marcelo Silveira, o uso é feito quando outros medicamentos já foram utilizados no paciente. “Polimixina é um tipo de antibiótico usado para combater bactérias mais resistentes. Para pacientes internados a longo prazo ele é sim essencial”. 

De acordo com pesquisa de pós-graduação em Medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), as polimixinas são medicamentos descobertos em 1947 e com a mutação e resistência das bactérias, começaram a ser receitadas para combater Pseudomonas aeruginosa. “Com isso, a Polimixina é um dos principais antibióticos para fazer o combate a essas bactérias resistentes”. 

O uso do antibiótico não é exclusivo para pacientes Covid-19 e costuma acontecer em internações de UTI. “No entanto, com a pandemia, esses pacientes [Covid-19] permanecem muito tempo internados e possuem outras infecções além da Covid, esses antibióticos passaram a fazer uma demanda de uso muito grande”, explicou o presidente do Sinmed. 

Nem contrato de R$ 606 mil supre demanda

Mesmo com contrato de R$ 606.900 para aquisição de Polimixina B, Mato Grosso do Sul não consegue atender a demanda dos pacientes, inclusive de Covid-19. O medicamento, que é usado para internações em UTI está em falta no Estado. 

O contrato foi firmado entre o Governo de MS e a Opem Representação Importadora Exportadora e Distribuidora. A vigência vai de 18 de dezembro de 2020 até 18 de dezembro de 2021. De acordo com o contrato, a empresa deve entregar 10.200 frascos de medicamentos em 10 parcelas, sendo 1.020 em cada mês. O valor de cada frasco é R$ 59,50.

O Governo fez empenho em dezembro de 2020, janeiro, fevereiro e março de 2020 de R$ 60.690 para cada mês. Já em abril, mês em que a falta de remédios foi revelada, foram empenhados R$ 121.380 dos cofres de MS. 

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