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Cotidiano

Reserva de 30% em estudo previa grupos já imunizados na fronteira de MS, explica infectologista

Municípios fazem levantamento e doses remanescentes serão redistribuídas
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Por conta de um estudo realizado na fronteira onde toda a população adulta será vacinada, 13 cidades de Mato Grosso do Sul receberam um lote de 165,5 mil doses da Janssen. A decisão gerou controvérsias: enquanto cidades na fronteira apelam para a população vacinar, a capital sul-mato-grossense não tinha doses para ampliar a campanha. Do lote destinado à fronteira, 30% de doses foram reservadas, gerando reclamações de prefeitos. Porém, o infectologista que lidera o estudo explica que a reserva foi feita justamente porque o estudo previa sobra de doses, que serão redistribuídas.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) de Campo Grande, José Mauro Filho, disse que não era coerente que o Governo do Estado deixasse doses guardadas enquanto a Capital não tinha vacinas para prosseguir com a aplicação da 1ª dose. “Acaba causando esta situação, de a gente estar paralisado e aguardando doses, sendo que temos vacinas aí, aguardando a pesquisa”, disse José Mauro no domingo (5).

É importante lembrar que uma decisão da CIB (Comissão Intergestores Bipartite) definiu a reserva de 30% das vacinas a serem utilizadas no estudo na fronteira. Ou seja, 49.650 doses da Janssen ficaram ‘guardadas’.

O infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda, que encabeça o estudo na fronteira, explica que 30% das doses foram reservadas justamente para o caso de faltar vacina em outros municípios que não foram contemplados pela pesquisa. 

“Foi justamente por conta disso que a secretaria [estadual de saúde] não enviou 100% [das doses] para o projeto nas fronteiras. Como o pedido de doses foi baseado na população segundo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística), pode ser que parte da população, como trabalhadores da saúde e pessoas com comorbidades, tenha sido vacinada nesses grupos e não por idade”, explica o pesquisador. 

Croda ressalta que os municípios estão recalculando a quantidade de doses necessárias para imunizar a população. O quantitativo necessário diminui justamente porque parte da população já foi vacinada por grupo de risco, como os trabalhadores da saúde, pessoas com comorbidades, pessoas com deficiência, entre outros grupos já contemplados pelo PNI (Plano Nacional de Imunização). 

Quando as cidades na fronteira terminarem o levantamento, as doses poderão ser redistribuídas. “Acredito que a SES (Secretaria de Estado de Saúde) irá liberar os 30% [de doses] se julgar que terá doses necessárias para vacinar toda a população da fronteira”, disse. 

O especialista aponta que o levantamento feito pelos municípios deve ser concluído em breve. “Talvez nos próximos dias, justamente para liberar as doses para os outros municípios do estado”, frisou.

Por fim, o médico infectologista da Fiocruz ressalta que os 30% de doses reservadas não correm risco de estragar. “Se sobrar alguma dose do projeto será destinado igualmente entre os outros 66 municípios, seguindo a proporcionalidade”.

Procurada pelo Jornal Midiamax, a SES explicou que 20 mil doses do estudo já foram redistribuídas na manhã desta segunda-feira (5) entre os 66 municípios. Sendo assim, Campo Grande recebe 7,4 mil doses da Janssen. 

A SES ressalta que os 13 municípios de fronteira que participam do estudo irão enviar relatório de aplicação de doses até quinta-feira (8). “Será feito levantamento e caso os municípios já  tiverem vacinado toda população adulta, será feito o remanejamento das doses entre os municípios”. 

Vacinação em massa

A vacina americana da Janssen é de aplicação única e será utilizada para estudo epidemiológico conduzido pelo médico infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda. O estudo será realizado pelo grupo Vebra Covid da Fiocruz (capitaneado por Croda), com apoio da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e das universidades dos Estados Unidos de Stanford, Yale e Miami.

O especialista explicou que todos acima de 18 anos que ainda não foram vacinados com outros imunizantes receberão dose da Janssen. Os pesquisadores vão monitorar o impacto da vacina em relação à imunidade coletiva e vão comparar os dados com outros 13 municípios similares. Também será monitorada a incidência da doença em crianças e adolescentes, que ainda não podem receber vacina.

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