Algumas cidades contempladas no estudo que irá vacinar toda a população na fronteira têm apresentado baixa procura pelas doses em Mato Grosso do Sul. Por outro lado, Campo Grande não tem vacinas para ampliar a vacinação contra o coronavírus. A (Secretaria Municipal de Saúde) aponta que não há previsão de chegada de um novo lote e que há somente 35 mil doses – todas reservadas para aplicação da 2ª dose. 

Uma reportagem publicada pelo Jornal Midiamax mostrou que algumas cidades têm tido procura abaixo do esperado. A Prefeitura de Ladário, por exemplo, chegou a fazer um apelo para que a população procure pelas doses. “Você está vendo este espaço vago? Era para ter carros trazendo a população para se vacinar, mas não é o que está acontecendo”, informou o assessor em vídeo publicado pela Prefeitura. 

O cenário é bastante diferente na capital sul-mato-grossense. A vacinação parou na faixa etária dos 41 anos e a aplicação da primeira dose está suspensa, sem previsão da chegada de mais vacinas. Procurado pelo Jornal Midiamax, o titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) ressaltou que Campo Grande já utilizou todas as vacinas que recebeu. 

“Tudo o que recebemos de quantitativo de doses para a 1ª dose, foi aplicado. Amanhã temos o quantitativo de 35 mil doses para a aplicação da 2ª dose de Astrazeneca, e Coronavac, todas estão reservadas para 2ª dose”, frisa José Mauro Filho. 

Decisão estadual

É importante lembrar que uma decisão da CIB (Comissão Intergestores Bipartite) definiu a reserva de 30% das vacinas a serem utilizadas no estudo na fronteira. Ou seja, 49.650 doses da estão ‘guardadas', enquanto a maior cidade do Estado não tem vacinas para a 1ª dose quando, em época de pandemia, a prioridade deve ser vacinar o maior número possível de pessoas em menos tempo. 

O secretário municipal de saúde afirma que Campo Grande foi contrária à decisão de reserva de doses. “Acaba causando esta situação, de a gente estar paralisado e aguardando doses, sendo que temos vacinas aí, aguardando a pesquisa”, disse José Mauro. 

Para o titular da Sesau, o ideal seria que o Governo do Estado tivesse distribuído as doses de maneira igualitária, entre todos os 79 municípios. Se o lote de 165,6 mil doses da vacina Janssen fosse distribuído a todas as cidades, a Capital poderia estar vacinando pessoas a partir dos 30 anos. 

“Estamos nos 41 anos. Se fossem vacinados até [pessoas de] 30 anos, vacinaríamos boa parte da população economicamente ativa, que são os trabalhadores em geral do comércio: servidores, garçons, frentistas, caixas de supermercados, a população economicamente exposta e que vem se contaminando”, disse o secretário. Em Campo Grande, a faixa etária com mais contaminados é a de 30 a 39 anos, com 23,42% dos infectados conforme boletim epidemiológico da Sesau. 

A respeito da reserva de mais de 49 mil doses de vacina, o secretário de Estado de Saúde Geraldo Resende se limitou a dizer que não iria tecer comentários sobre a situação, mas que nesta segunda-feira (4) deve ‘definir algumas situações' que serão divulgadas para a imprensa posteriormente.

Enquanto Campo Grande não recebe novas doses de vacina, não há outra coisa a fazer senão se cuidar. “Quero pedir que a população mantenha as medidas: distanciamento, uso de máscaras e higiene das mãos. Os números estão caindo, mas não podemos baixar a guarda”, alertou José Mauro Filho.