Com população equilibrada e projetos de preservação, onças-pintadas reinam no Pantanal de MS
Mais de 100 onças foram flagradas na natureza nos últimos cinco anos
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Ícone do Pantanal e personagem de novela, as onças-pintadas são um dos símbolos pantaneiros e estão no topo da cadeia alimentar — se o leão é o rei da selva, a onça é a rainha do Pantanal, ecossistema que abrange grande parte de Mato Grosso do Sul.
Por conta da importância desse animal, vários projetos Brasil afora lutam pela preservação da espécie que está na lista vermelha de risco de extinção do Ministério do Meio Ambiente. Nesta segunda-feira (29), é comemorado inclusive o Dia Nacional da Onça-pintada.
Em MS, um desses programas — que estudam e monitoram esses animais — é o Felinos Pantaneiros, do Instituto Homem Pantaneiro. Segundo o médico veterinário e coordenador do programa, Diego Viana, nas áreas de atuação do projeto já foram vistas mais de 100 onças-pintadas através de registros com câmeras-traps.
De 2016 até 2021, foram mais de 74 na região da Serra do Amolar. Em dois anos de monitoramento na região do Pantanal de Miranda, foram registradas 34 onças-pintadas. “O que a ciência aponta hoje sobre a população de onças-pintadas no Pantanal, assim como na Amazônia, é que temos uma população equilibrada. Porém, ameaças históricas como o conflito com seres humanos que ocupam o Pantanal, continuam existindo”, disse Viana ao Jornal Midiamax.
Estrelas
Assim como as grandes rainhas, as onças-pintadas têm ganhado os holofotes e se tornado estrelas em MS. Recentemente, por conta das queimadas na região de Corumbá, elas chegaram a ser avistadas próximas ao perímetro urbano.
Especialistas dizem que o ‘fenômeno’ deve desaparecer com a recuperação do habitat. Nesta mesma região, as lentes flagraram uma mamãe onça com seus dois filhotes andando livremente. Vez ou outra, turistas têm a sorte de encontrar o majestoso felino ao vivo.
Estrela mesmo virou a onça Joujou, que foi resgatada do pantanal em chamas com as patas queimadas e tinha até um projétil alojado em seu corpo. Depois de solto, o macho ‘famosinho’ faz aparições esporádicas no Pantanal.
Mas as onças-pintadas viveram o ápice da fama quando um felino “protagonizou” a novela Pantanal (1990) da Rede Manchete, que vai ganhar um remake em 2022 pela Rede Globo. Interpretada por Cristiana Oliveira na primeira versão e Alanis Guillen no próximo ano, a personagem Juma Marruá se transformava em uma onça-pintada.
Preservação
A conservação de onças-pintadas no Pantanal é executada por diversos projetos, programas e instituições que têm trabalhado em conjunto para a conservação da espécie.
“Um exemplo dessa união foi o resgate, tratamento, soltura e monitoramento da onça Joujou que foi vítima dos incêndios que assolaram a Serra do Amolar em 2020”, exemplificou o médico veterinário.
Joujou foi resgatada, tratada e solta na natureza, sendo monitorada pelo IHP desde janeiro durante sua readaptação. Participaram desse processo o Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), o Ampara Silvestre, o Ibama, a FAB, a Onçafari, o Jaguar Camp, o ICMBio, o Reprocon, Cras e o Imasul — mais de 10 organizações que lutam pela preservação da fauna e flora.
De vilão a amigo
Uma das vertentes do programa é o manejo que visa minimizar problemas causados pela predação de gado por grandes felinos. Esses casos acontecem, já que o felino está no topo da cadeira alimentar. Em outubro, duas onças foram flagradas se alimentando de uma vaca em Aquidauana.
Por conta disso, há relatos de felinos que foram mortos por fazendeiros que tentaram proteger suas cabeças de gado. Porém, segundo Diego, esse cenário vem mudando.
“Temos bons exemplos de produtores rurais que coexistem de forma harmoniosa com a espécie cada vez mais e os investimentos financeiros globais têm cobrado uma produção mais sustentável”, explicou o coordenador.
“Sem dúvida alguma, o Pantanal pode ser um exemplo para todo o mundo, baseado em um histórico de mais de 200 anos de produção pecuária em um dos biomas mais bem conservados do planeta”, disse ele à reportagem.
Risco de extinção
Para Diego, o cenário da população de onças-pintadas ainda é preocupante. “O panorama ainda demanda muita atenção por parte dos pesquisadores, e das instituições públicas que fiscalizam crimes relacionados à espécie”, comentou. A onça-pintada está na lista vermelha do Ministério do Meio Ambiente de espécies ameaçadas de extinção.
Esses felinos ainda sofrem com ameaças de conflitos com seres humanos, risco de atropelamento, desmatamento e a fragmentação do habitat. “E ainda estamos analisando o efeito dos incêndios nas populações de onças-pintadas”, contou Diego à reportagem.
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Você sabia?
Segundo o IHP, as onças-pintadas possuem diversas “pintas” pela pele que são chamadas de rosetas, elas funcionam como uma “impressão digital” do animal, de forma que nenhuma onça tem uma “pinta” igual a outra. Essa característica é importante porque auxilia os pesquisadores na identificação de cada indivíduo.
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