Viseiras faciais vendem bem em Campo grande, mas não substituem máscaras
Procura por viseiras aumenta, mas EPI é indicada a profissionais de saúde e não dispensa o uso de máscara de proteção por baixo do item.
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As face shields – aquelas viseiras de acetato que funcionam como uma barreira adicional à gotículas de saliva – são cada vez mais vistas no comércio de Campo Grande. Apesar das vendas no varejo ainda não superarem máscaras de tecido, há cada vez mais pessoas comuns adeptas ao item como forma de prevenção ao novo coronavírus.
Elas podem custar de R$ 25 a R$ 50, a depender do material utilizado na confecção, e têm sido procuradas principalmente por pessoas que não se adaptam ao uso das máscaras de pano ou cirúrgicas, que promovem mais acúmulo de umidade na boca. Porém, essas EPI (equipamentos de proteção individual) não dispensam o uso das máscaras.
Na manhã desta segunda-feira (8), um usuário do transporte público relatou ao Jornal Midiamax que foi barrado no terminal de ônibus do Aero Rancho por estar usando uma viseira, sem máscaras de proteção por baixo. O episódio mostra que a desinformação sobre a indicação do uso das viseiras ainda é grande, inclusive por parte da fiscalização, que não impediu o usuário de embarcar no primeiro ônibus e chegar até o terminal, onde foi impedido de continuar viagem sem máscara de tecido.
Proteção adicional
Isso porque, na verdade, as viseiras são indicadas apenas a profissionais da saúde que atuam na linha de frente da Covid-19, como intensivistas (fisioterapeutas, médicos, enfermeiros e demais profissionais que trabalham em uma UTI) e dentistas, além de agentes de endemias e demais profissionais do setor, conforme o Ministério da Saúde. Nenhum deles, porém, deixa de usar a máscara cirúrgica ou de pano por baixo. Trata-se de uma proteção adicional.
Mesmo assim, a procura por gente comum é crescente. Numa loja de acessórios de celular na Rua 15 de Novembro, a média é de três a quatro unidades vendidas por dia. O item é feito de acetado, produzido a partir de uma impressora 3D, com custo de fabricação a R$ 19. O preço final é R$ 25, com todo o lucro voltado para caridade.
“Nosso ramo são os eletrônicos, mas começamos a vender há cerca de um mês, para reverter o lucro para uma igreja que alimenta pessoas carentes. Sinceramente, achei que a procura ia ser maior, mas quem procura é mais quem não consegue se adaptar à máscara tradicional, que é de pano. Hoje, uma cliente veio comprar uma máscara para uma idosa, porque ela não conseguia usar a de pano, umedecia demais”, conta Edilene Kefalinos, 38 anos, proprietária da loja.
Em uma farmácia da Rua 14 de Julho, no Centro, o item custa R$ 49,90, mas é de acrílico, um material mais resistente. Segundo uma vendedora, a procura maior continua sendo por máscaras de pano, mas há quem se interesse pelos modelos face shield ao observá-las. São até 5 unidades vendidas por dia, segundo vendedores, para grupos de risco e profissionais da saúde autônomos.
Próximo à Santa Casa, uma loja de equipamentos hospitalares também dispõe do item, mas fabricado com policarbonato e com película protetora, a R$ 28. “Quem procura mais são mais consumidores finais, pessoas comuns. Teve cliente que comprou para ir ao mercado. Mas muitos donos de empresas compram em grande quantidade. Dentistas, que tem uma proximidade muito grande dos pacientes, também compram os equipamentos”, detalha Carlos Mubarack, de 68 anos, proprietário da empresa.
Cuidados com as viseiras
Além de não serem indicadas para pessoas comuns e muito menos sem o uso de máscaras de pano ou cirúrgicas comuns, as máscaras face shield precisam de certificação, já que alguns materiais podem ter porosidade que favorece infecções.
Os modelos produzidos a partir de impressoras 3D, por exemplo, têm porosidade que podem ser vulneráveis à contaminação. Para isso, quem a produz aplica uma solução que, em reação química, vai diminuir a porosidade superficial. Além disso, é importante saber fazer a correta descontaminação – normalmente com peróxido de hidrogênio, o que deve ser feito após cada uso.
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