Mini lockdown em Campo Grande aos fins de semana não teve efeito, diz infectologista
O infectologista Julio Henrique Rosa Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), afirmou nesta quinta-feira (30) que a adoção de medidas de restrição aos fins de semana em Campo Grande não tiveram impacto no combate à pandemia do novo coronavírus. Ele foi convidado da SES (Secretaria de Estado de Saúde) de hoje durante a divulgação […]
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O infectologista Julio Henrique Rosa Croda, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), afirmou nesta quinta-feira (30) que a adoção de medidas de restrição aos fins de semana em Campo Grande não tiveram impacto no combate à pandemia do novo coronavírus. Ele foi convidado da SES (Secretaria de Estado de Saúde) de hoje durante a divulgação do boletim epidemiológico.
De acordo com o pesquisador, o “mini-lockdown” não proporcionou melhoria de nenhum indicador, inclusive de taxa de contágio, que segue a segunda mais alta do país entre as capitais, atrás apenas de Porto Alegre (RS). Além disso, a adesão ao isolamento social na cidade ainda é muito baixa.
“O que foi proposto à macrorregião, o mini-lockdown, não teve impacto nenhum na taxa de contágio de Campo Grande. Não foi efetivo pra reduzir numero de casos. O cenário é preocupante, principalmente, no numero de leitos de terapia intensiva”, destacou o infectologista.
Croda defendeu, portanto, que o município adote lockdown e apontou que MS foi o Estado que menos teve perda de receita de PIB (Produto Interno Bruto) – apenas 3%, considerado aos 9% de São Paulo. “O que a gente pede é que [o Poder Público] concentre esse mês pra salvar vida e nesse momento não tem alternativa a não ser lockdown”, disse.
Colapso semana que vem
O pesquisador previu que a próxima semana será de colapso no atendimento de pacientes, já que os resultados de medidas de restrição só são observados após o intervalo de 15 dias.
“Na semana que vem vamos ver pacientes morrendo por falta de UTI. Toda medida adotada agora só vai ser vista daqui a duas semanas. Quanto mais atrasarmos a adoção dessas medidas, mais viveremos no caos. E o que está sendo prometido para a próxima semana é justamente flexibilizar. Eu me preocupo com a situação da Capital”, pontuou.
O infectologista também pontuou que o município perdeu a capacidade de monitoramento de pacientes durante o isolamento domiciliar, o que ocorre após o diagnóstico. Diante disso, ele destacou a importância da Justiça intervir, se necessário.
“Sei que existe esforço, mas atualmente o município não consegue saber se essa pessoa esta saindo de casa e contaminando outras pessoas. Ministério Público e Tribunal de Justiça precisam ficar atentos se as medidas técnicas não forem tomadas. É necessário que o Judiciário faça sua intervenção no momento oportuno, caso o gestor publico, tanto municipal como estadual, não tenha capacidade de responder do ponto de vista técnico adequadamente”, disse,
Croda também destacou que nem todas as cidades do mundo colapsaram. “Posso falar de Salvador e São Paulo, que não colapsaram. Lá não observamos a tragédia observada em outras cidades. Não podemos desistir disso. Temos função de fazer isso e sabemos como fazer isso: lockdown; se tiver sintomas, procure assistência médica e observe a saturação [de oxigênio no sangue]; e tenha leitos de terapia intensiva. Essa é a formula que deu certo na maioria das cidades que venceu o coronavírus e conseguiu manter uma taxa de letalidade baixa”.
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