Pandemia afeta tradição de Finados, que se manteve repaginada ao ‘Novo normal’
Álcool em gel, máscara, distanciamento e saudade. Foi com esse “kit” que familiares se deslocaram aos cemitérios de Campo Grande para manter a tradição de visitar falecidos no feriado de Finados. Ao longo desta segunda-feira (2), o movimento foi significativo e marcado pelos que venceram o medo para manter ao costume secular. Mas, nem a […]
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Álcool em gel, máscara, distanciamento e saudade. Foi com esse “kit” que familiares se deslocaram aos cemitérios de Campo Grande para manter a tradição de visitar falecidos no feriado de Finados. Ao longo desta segunda-feira (2), o movimento foi significativo e marcado pelos que venceram o medo para manter ao costume secular. Mas, nem a antecipação das visitas nos dias que antecederam do feriado garantiram a cara normal à data.
Isso porque as visitas foram mais breves e porque o movimento caiu muito, comparado aos demais anos, antes da pandemia do novo coronavírus. Basicamente, o temor pela contaminação fez com que famílias concentrassem em um ou em poucos integrantes a manutenção do hábito de homenagear os mortos no dia 2 de Novembro. Uma tradição que precisou se repaginar.
Muito do movimento começou no sábado (31), ainda na timidez. Mas, na tarde da segunda-feira, já nas últimas horas antes do fechamento dos portões dos cemitérios da Capital, as visitas ainda contrastavam com o que já se viu: tanto nos cemitérios municipais como nos privados – estes, que ficam na região do Pioneiros – visitantes afirmaram que o costume precisou ser adaptado para se manter minimamente presente.
A autônoma Lucimar Resende, de 57 anos, por exemplo, costumava visitar o túmulo do pai acompanhada da mãe e das irmãs, todos os anos, há 8 anos. Em 2020, somente ela se deslocou a um dos cemitérios da Avenida Filinto Muller. “Vim sozinha para não colocar minha mãe em risco. Minhas três irmãs também preferiram não vir. Resolvi manter a tradição, nossa família é muito católica, não seria diferente”, detalhou Lucimar à reportagem, trajando devidamente máscara de segurança.
Assim como nos cemitérios municipais, a entrada era condicionada ao uso de máscara e uso de álcool em gel. Por sorte, a natureza do cemitério, que fica em espaço aberto, proporcionou mais sensação de segurança à família do bancário Rodrigo Pandolfe, de 38 anos. Acompanhado de esposa e filho, ele foi visitar o túmulo do sogro, também adotando as medidas de biossegurança.
Nem dona Maria Amélia Cunha de Figueiredo, de 66 anos, que é aposentada e disse não gostar de cemitérios, deixou de ir, já que a visita anual é realizada há cerca de três décadas. “Não gosto, mas é uma tradição”, comentou, também protegida com máscara. Estes, porém, eram os heróis da resistência, já que o movimento nos corredores, apesar de grande, nem se compara com o que costumava ser.
Comércio ‘sentiu’
Na parte externa dos muros dos cemitérios, comerciantes deram a real dimensão da pandemia neste Dia de Finados: vendas que caíram para menos da metade, movimento esparso e temor de aglomeração caracterizaram o feriado a quem aproveita a data para tirar um “extra”.
O feirante Michael Tavares, de 31 anos, vendia flores na Avenida Filinto Muller. Foram aproximadamente 300 vasos, dos quais praticamente só a metade conseguiu ser destinado à decoração dos túmulos. “Tem gente, mas a pandemia diminuiu a frequência. 2020 foi uma paradeira”, reclamou. Sueli Ferreira Rosa, de 55 anos, dona de uma floricultura, concordou. Ela recorre ao feriado há cerca de 20 anos para dar um “up” nas vendas. “Mas este, sem dúvidas, foi o pior de todos. Só vendi aproximadamente 40% do estoque que eu trouxe”, detalhou.
Outro acessório que costuma integrar o kit para quem manteve a tradição de Finados é a vela. Porem, nem o item que costuma ser um dos itens mais baratos, teve grande procura ou pelo menos parecido com os tempos pré-pandemia. “Neste ano vendi apenas 5 caixas do meu estoque. Costumava vender entre 10 e 15. Nesse ano foi devagar”, concluiu o autônomo Nelson Brasil, de 45 anos.
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