Com duas morte e mais de 1.400 notificações, Corumbá enfrenta caos devido à dengue
A morte da professora corumbaense Dúnia Safa, de 24 anos, em decorrência de complicações associadas à dengue, acendeu o sinal vermelho da dengue em Corumbá, cidade a 444 km de Campo Grande. Além da comoção pela morte precoce da educadora, corumbaenses protestam contra os altos índices da doença na cidade, que atualmente está em epidemia […]
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A morte da professora corumbaense Dúnia Safa, de 24 anos, em decorrência de complicações associadas à dengue, acendeu o sinal vermelho da dengue em Corumbá, cidade a 444 km de Campo Grande. Além da comoção pela morte precoce da educadora, corumbaenses protestam contra os altos índices da doença na cidade, que atualmente está em epidemia de dengue e é a segunda de MS com mais casos notificados.
Corumbá tem alta incidência de dengue, quando há mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes. Com esse critério, a cidade torna-se proporcionalmente o município em que a dengue é mais problemática, à frente até de Campo Grande – que tem o maior número de casos, mas incidência média.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela SES (Secretaria de Estado de Saúde) na última quarta-feira (5), foram 1.240 notificações, 110 confirmações e um óbitos – um jovem de 29 anos, Luan Andrade, que morreu devido à forma hemorrágica da dengue, estreando as estatísticas estaduais de óbitos relacionados à dengue em 2020. A morte da professora deve integrar somente a próxima edição do boletim epidemiológico.
Assim, naturalmente, os números da cidade superam o delay da SES, já que o boletim da SES é divulgado uma vez por semana. Mas, em apenas uma semana, Corumbá teria tido mais de 200 notificação: já são 1.449 notificações de casos suspeitos de dengue somente até quarta-feira (5), número que supera a somatória de todas as notificações por dengue registradas na SES em 2019, quando a cidade registrou 1.319 casos suspeitos.
A Secretaria de Saúde do município reforça que a dificuldade de enfrentar o mosquito na cidade é maior que em outras localidades devido ser um município de fronteira, no qual há “trânsito diário de pessoas” e também porque o país vizinho, a Bolívia, encontra-se em epidemia. Além disso, a saúde em Corumbá prestaria, segundo a assessoria, assistência também à população de Ladário e a cidadãos bolivianos, o que faria, em tese, os números serem maiores.
Ações ineficientes?
Para corumbaenses, no entanto, as ações municipais parecem não surtir efeito. Moradora do bairro Cristo Redentor, uma das localidades com maior incidência de dengue, a dona de casa Leilane Silva, de 41 anos, reclama que as ações parecem ineficientes.
“Tive dengue duas vezes, meu marido uma e minha nora duas, também. Só quem escapou foi meu filho. A gente sabe que o morador tem que limpar a casa, eliminar os reservatórios, mas se aqui em casa todo mundo adoeceu, então os focos não foram eliminados? Ninguém tem uma resposta”, comenta.
Outra corumbaense, moradora do bairro Guaitós – também uma das regiões com maior incidência de notificações de dengue – considera que há demora em penalizar os proprietários que não limpam quintais e terrenos com reservatórios.
“Eu fico na dependência da prefeitura multar o meu vizinho, porque cansei de falar pra limpar e ele não limpa. Até já fiz denúncia por telefone, mas até surtir efeito a gente já tem sido picado. Essa doença terrível está matando as pessoas”, comenta a aposentada Iraci Alves, de 79 anos.
Ao Jornal Midiamax, a Secretaria de Saúde de Corumbá reforçou que está utilizando todas as ferramentas disponíveis no combate ao mosquito e afirmou que somente neste ano já foram realizadas mais de 14 mil visitas domiciliares, nas quais foram realizados bloqueio físico, mecânico e eliminação de reservatórios, além de realização de mutirões de limpeza. “Somente em janeiro foram retirados mais de 30 toneladas de materiais inservíveis de casas e de terrenos baldios que foram descartados indevidamente”, traz nota da assessoria.
A secretaria também destacou a execução de mais de 40 atividades educativas em igrejas e associações de moradores, bem como utilização de dois veículos de fumacê, dentre outros. “Reforçamos que mesmo diante de todas as medidas tomadas pela administração é imprescindível que a população colabore e faça a sua parte, pois somente juntos vamos eliminar os focos e combater a doença”.
Nesta sexta-feira (7), uma publicação no Diário Oficial de Corumbá notificou moradores da cidade que apresentaram focos de dengue em propriedades a adotarem, no prazo de 5 dias, medidas para eliminação dos focos e limpeza dos locais. Quem não cumprir a determinação poderá arcar com multa administrativa de até R$ 5 mil.
MS na mira
Com 2.129 possíveis casos de dengue notificados, Mato Grosso do Sul é o segundo estado brasileiro com maior incidência da doença, segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. A média no estado segundo o documento do governo é de 76,61 casos a cada 100 mil habitantes. Mas, se considerarmos o boletim da SES, MS fica com 349,9 casos a cada 100 mil habitantes, com 40 municípios com alta incidência da doença.
Conforme os números do Ministério da Saúde, o número de incidência de dengue em MS é cinco vezes maior do que a média nacional, que é de 14,6 casos por 100 mil habitantes. Os dados também mostram que o estado sul-mato-grossense têm a maior incidência de Zika do Brasil, são seis casos MS, metade do número de todo o Centro-Oeste.
Vale lembrar que o período analisado pelo Boletim Epidemiológico é de 29 de dezembro de 2019 até o dia 18 de janeiro de 2020.
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