O pedido de indenização do Consórcio Guaicurus à Prefeitura, de R$ 76,5 milhões, causou espanto para quem usa o transporte coletivo urbano de Campo Grande e o assunto acabou virando piada. Os usuários que enfrentam as dificuldades com frota velha, lotação e atrasos, ironizam o pedido das empresas que, segundo eles, não cumprem com regras do contrato de concessão.

O autônomo Cristian Fernandes está acompanhando o desenrolar da discussão entre o consórcio e a Prefeitura, mas quando soube do pedido milionário da empresa, se sentiu no direito de exigir indenização também.

“Vou pedir também ao consórcio uma indenização de R$ 50 milhões pelo tempo que eu gasto esperando os ônibus. O maior problema é a demora”, reclama. Não é justo pedir tudo isso, porque o ônibus já ganha o nosso dinheiro.

A aposentada Emília Soares afirma que não há justificativa para um valor tão alto, já que o consórcio não oferece um serviço de qualidade. “Sou idosa, aposentada, mas já paguei muita passagem de ônibus e já peguei muito ônibus lotado. A gente só não vai pendurado porque a porta não vai aberta, mas eu vou exprimida porque sou baixinha e não alcanço lá em cima. Pela lotação que a gente enfrenta eu pediria uns R$ 10 milhões de indenização ao consórcio”, diz.

O mesmo acontece com Sulei Ribeiro, aposentado por invalidez. “Tenho o direito de usar o assento reservado, mas o pessoal olha para mim e pensa em dizer para eu ir em pé mesmo e segurando naquela barra também. Será que eles me pagariam uns mil reais pelo transtorno?”, questiona.

Renovação da Frota

O Consórcio Guaicurus tem até às 17h30 desta quinta-feira (16) para comprovar à Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) a renovação da frota de ônibus que executam o transporte público em Campo Grande.

Mesmo assim, as empresas que compõem o grupo afirmaram que a substituição da frota não será cumprida dentro do prazo. A assessoria destacou, ainda, que uma discussão sobre aplicação da multa de R$ 2,7 milhões já está inserida em procedimento administrativa que trata o equilíbrio econômico do Consórcio, na qual, a propósito, pede-se uma indenização de R$ 76,5 milhões pelos cofres municipais.

Para a Prefeitura, porém, o prazo está em pleno curso e, caso seja desrespeitado, a Agereg deverá aplicar auto de infração por descumprimento contratual. Ao Jornal Midiamax, o diretor-presidente da Agereg, Vinícius Costa Leite também garantiu que “em hipótese alguma haverá indenização”.