Em três anos, todos os bairros de Campo Grande terão mosquito ‘anti-dengue’

Uma das capitais brasileiras contempladas com a implantação do método Wolbachia, Campo Grande pode receber os mosquitos ‘anti dengue’ em todos os bairros até 2022. A estratégia consiste em infectar ovos do mosquito Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia e, assim, reduzir a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya. A implantação […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Fiocruz já testou método em bairros do Rio de Janeiro
Fiocruz já testou método em bairros do Rio de Janeiro

Uma das capitais brasileiras contempladas com a implantação do método Wolbachia, Campo Grande pode receber os mosquitos ‘anti dengue’ em todos os bairros até 2022. A estratégia consiste em infectar ovos do mosquito Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia e, assim, reduzir a capacidade de transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya.

A implantação do método na Capital foi anunciada pelo Ministério da Saúde em abril e, desde então, foi feito um planejamento com os estudos das áreas que receberão a iniciativa. A previsão é de que em janeiro seja iniciada a capacitação dos agentes de combate a endemias em Campo Grande.

Os agentes devem ajudar no engajamento das comunidades nos bairros, explicando o método de utilização mosquitos modificados antes da soltura. De acordo com o projeto WMP (World Mosquito Program) da Fiocruz, a soltura dos mosquitos deve acontecer por três anos: 2020, 2021 e 2022. Ao longo destes anos, serão seis fases e todos os bairros de Campo Grande devem receber os mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia.

Depois da capacitação, será construída uma biofábrica de mosquitos em Campo Grande. A colônia é criada na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e os ovos do mosquito são enviados para a Capital, onde serão criados e enfim soltos. De acordo com a WMP, a biofábrica deve ser implantada em Campo Grande até o fim do primeiro trimestre de 2020.

Mosquitos infectados com ‘bactéria do bem’

Em três anos, todos os bairros de Campo Grande terão mosquito ‘anti-dengue’
Infográfico mostra como ocorre a reprodução de mosquitos infectados no campo Foto: Fiocruz | MS | Reprodução)

Durante o anúncio da implantação do método em Campo Grande, o pesquisador da Fiocruz e líder do WMP (World Mosquito Program) no Brasil, Luciano Moreira, explicou que a bactéria Wolbachia foi descoberta há cerca de 100 anos, mas somente em 2005 um projeto na Austrália descobriu que o ser vivo bloqueia vírus, inclusive da febre amarela.

De acordo com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, a pesquisa já foi realizada em bairros do Rio de Janeiro e apresentou bons resultados. “Depois da implantação do método, leva cerca de um ano para sentir o resultado. Mas, pela pesquisa já realizada, a redução é significativa, cerca de 80%”, aponta a pesquisadora.

Além da liberação dos mosquitos, a pesquisa também precisa fazer trabalho de campo com moradores, já que há claramente uma quebra de paradigma: soltar mosquitos para controlá-los, no lugar de exterminá-los. Este trabalho é feito pelos agentes comunitários, que conscientizam os moradores.

A liberação dos mosquitos deverá ocorrer por cerca de 16 a 20 semanas consecutivas. Na sequência, há monitoramento dos insetos para constatar a contaminação pelo Wolbachia e, por fim, ocorre o acompanhamento epidemiológico. Na sede da Fiocruz no RJ, uma biofábrica produz cerca de 2 milhões de mosquitos adultos infectados por semana.

Conteúdos relacionados