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Cotidiano

‘Chegaram apontando arma na nossa cara’, diz passageira agredida pela Guarda Municipal no Morenão

A caminho do trabalho na manhã do feriado de sexta-feira (15), Luciana Gomez, de 39 anos, viveu um dos momentos mais traumatizantes da vida. A diarista que seguia para o Centro, temeu por sua integridade após ação da Guarda Civil Municipal durante o protesto no Terminal Morenão. “Não me feriram fisicamente, mas me atingiram psicologicamente”, […]
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Foto: Henrique Arakaki
Foto: Henrique Arakaki

A caminho do trabalho na manhã do feriado de sexta-feira (15), Luciana Gomez, de 39 anos, viveu um dos momentos mais traumatizantes da vida. A diarista que seguia para o Centro, temeu por sua integridade após ação da Guarda Civil Municipal durante o protesto no Terminal Morenão. “Não me feriram fisicamente, mas me atingiram psicologicamente”, afirma.

Luciana recebeu a equipe do Jornal Midiamax em casa no sábado (16) e, com um misto de emoção e revolta, contou como foram os momentos de tensão no terminal. “Não conversaram com quem estava lá, chegaram apontando a arma na nossa cara. Não tiveram respeito nenhum com quem saiu cedo de casa e só estava tentando chegar no trabalho”, disse a moradora, que quase foi atingida por spray de pimenta nos olhos.

A diarista relembrou que quando chegou no terminal, a equipe da GCM estava ‘encostando’ com a viatura. Ela afirma que inicialmente um guarda que já estava no local conversou com os passageiros e pediu calma, mas quando os outros dois guardas entraram em ação, a situação mudou.

'Chegaram apontando arma na nossa cara', diz passageira agredida pela Guarda Municipal no Morenão
Foto: Marcos Ermínio, Midiamax

A forma bruta de agir dos agentes com as trabalhadoras que reivindicavam mais ônibus para o transporte público foi o estopim para Luciana se revoltar. A diarista é a trabalhadora que aparece nas imagens vestida com roupa amarela.

“A maioria que estava ali era mulher. E mulher nenhuma vai trocar algum tipo de violência com um homem e nem revidar. Ainda mais quando eles estavam armados naquele porte. Não teve motivo para chegar agindo daquela forma. Se tivesse tido um diálogo, tudo aquilo poderia ser evitado”, comentou.

Vale acrescentar que, neste sábado, o coronel Marcos Pollet, comandante do da Polícia Militar, disse que 80% dos casos podem ser resolvidos no diálogo, sem a necessidade do uso de força. “A rainha da resolução das crises se chama negociação. Esta é a forma mais tranquila de agir”, afirmou.

Após o ocorrido, Luciana conta que entrou em um ônibus e seguiu para o Centro, mas em determinado ponto, não notou em que ponto desceu e precisou pedir ajuda de desconhecidos para conseguir acionar um motorista de aplicativo para ir em casa.

“Quando cheguei aqui eu precisei ir na UPA e me medicaram calmante. Desde ontem eu estou a base de calmante. Eu nunca passei por uma situação daquela. Meu psicológico está completamente abalado, é traumatizante”, se emocionou a diarista em lembrar da manifestação.

Não poupando críticas ao Consórcio Guaicurus e Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Luciana comenta que não viu razão para a afirmação do presidente da empresa, João Rezende, em que disse que a movimentação do feriado foi atípica nos terminais.

“Ele disse que a quantidade de passageiros pegou de surpresa o Consórcio. Mas como isso? Ele é empresário, ele tem que ficar atento às necessidades dos moradores. Nós somos trabalhadores, não somos ricos para ficar em casa no feriado. Eu se pudesse estava trabalhando de segunda a segunda”, comentou.

A diarista também pontuou as dificuldades e barreiras que enfrenta diariamente com o transporte público e cobra das autoridades melhorias nos serviços. “Eu pago de passe R$ 200 por mês, aí sou obrigada a passar por situações de ônibus quebrado, atrasado, motoristas estúpidos, desconforto, aperto. E quem tem que cobrar? O prefeito e as autoridades porque eles não nossos funcionários. Não podemos mais aceitar esse tipo de coisa”, afirmou.

Por fim, Luciana relatou que nesta segunda-feira (18) irá até a para contar o ocorrido e buscar providência judicial cabível. Neste sábado (16) a Defensoria Pública comunicou que procurava os trabalhadores, em especial as mulheres, que foram agredidas pela Guarda Municipal na manifestação.

Entenda

Cerca de 100 mulheres participaram do protesto, fechando a pista do . Mesmo sendo feriado, o comércio abriu normalmente na sexta e o Consórcio Guaicurus, responsável pelo serviço, afirmou que ter sido pego de surpresa.

Para dispersar as manifestantes e liberar a pista, a equipe da Guarda Municipal que foi ao local usou spray de pimenta e apontou armas de grosso calibre para intimidar as mulheres que participavam do ato no terminal Morenão.

Nesta segunda-feira, em entrevista coletiva, a Delegacia da Mulher afirmou que registrou boletim de ocorrência coletivo contra o Consórcio Guaicurus por conta da agressão. Também em entrevista coletiva, o secretário Especial de Segurança e Defesa Social Valério Azambuja em coletiva, também nesta manhã, admitiu que houve erro na abordagem e que os servidores que integram a “elite” da Guarda Municipal passarão por novo treinamento. Procedimento interno também foi aberto para apurar os fatos, os guardas envolvidos no caso estão afastados da corporação.

Nas redes sociais, leitores do Midiamax consideraram a ação truculenta e desnecessária. “Cadê o MP [Ministério Público Estadual], a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para ver esse abuso de uns guardas fantasiados de polícia”, disse um dos internautas em postagem nas redes sociais. “Respeito zero, muito triste essa situação”, comentou uma internauta. “Abuso de poder”, destacou outra.

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