Após reunião frustrada no Sest Senat na manhã desta segunda-feira (2) entre motoristas de ônibus, STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) e o Consórcio Guaicurus, os motoristas foram até o sindicato. Houve protesto, manifestação, tentativa do sindicato de retirar a imprensa do local e ameaça de paralisação.

O notarem a presença da equipe de reportagem do Jornal Midiamax, membros do sindicato teriam se alterado, gritando e pedindo que saísse. O grupo de motoristas que foi até o local argumentou e exigiu que a jornalista permanecesse no local. Como a reunião foi cancelada nesta manhã sem aviso, eles afirmam que foram ao sindicato atrás das respostas.

O presidente do sindicato, Demétrio Ferreira de Freitas, afirmou que a negociação ainda não foi encerrada. “Não concordamos com a saída da participação dos lucros. Era para ter reunião hoje, mas o consórcio [Guaicurus] cancelou por causa da entrega dos ônibus”, afirmou, dizendo ainda não haver motivo para tal manifestação dos motoristas.

Após manifestação, sindicato tenta expulsar imprensa de reunião com motoristas
(Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Anualmente ocorre uma premiação para os motoristas, mas MP (Medida Provisória) 905 aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro tira o sindicado das negociações de participações de lucro. Para o sindicato, a compensação é ampla, pois além do salário existe a participação nos lucros, cesta básica, vale gás, entre outros benefícios.

Após duas rodadas, o sindicato ouviu a proposta de aumento de 2,55% no salário, com a retirada da participação nos lucros. Ainda há tentativa de nova tratativa, que seria feita nesta segunda-feira. “A gente vai trabalhar sempre em prol do trabalhador, vamos buscar melhorar o que já foi conquistado”, disse o presidente do sindicato.

“Se não avançar nas negociações, existe a possibilidade de paralisar”, afirmou Demétrio. Segundo os motoristas, se até a próxima segunda-feira o assunto não for resolvido, pode haver paralisação. No entanto, o sindicato pontua que, para isso, deve ser aprovada em assembleia.

Reunião cancelada

Cerca de 40 motoristas se reuniram em frente ao Sest Senat, endereço marcado para a negociação. Herivelto Moises, diretor do Sest Senat (Serviço Social do Transporte – Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), disse que não houve justificativa para cancelar a reunião. Os motoristas compareceram ao local com suas famílias e foram frustrados com o cancelamento da negociação. Em protestos, eles colocaram faixas na boca, para representar que estão sendo silenciados pela empresa.

Motorista do Consórcio há 15 anos, Fernando Cassiano de Sá disse que com ajuda de colegas de trabalho, montaram um grupo de WhatsApp para discutir seus direitos. Ele afirma que a categoria não concorda com o que o Consórcio propôs nas negociações até agora.

“Nas negociações que foram feitas, em nenhuma a gente ganha, só perde. Eles querem nos tirar da participação dos lucros e só querem dar um aumento de 2,55% nos salários. Queremos mais, ficamos dois anos sem reajuste”, diz.

Os motoristas reclamam que não têm voz na negociação salarial. Segundo eles, o sindicato está mais ao lado do Consórcio do que dos trabalhadores. Uma prova disso seria a ausência do sindicato na manifestação.