Agricultura familiar representa mais da metade de estabelecimentos rurais de MS
O Censo Agropecuário 2017, divulgado pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) na manha desta sexta-feira (25), aponta que 60,7% dos estabelecimentos agropecuários em Mato Grosso do Sul atua na agricultura familiar. Com relação à área dos estabelecimentos pesquisados, 69,2% deles têm área menor que 100 hectares. Ou seja: por mais que sejam mais […]
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O Censo Agropecuário 2017, divulgado pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) na manha desta sexta-feira (25), aponta que 60,7% dos estabelecimentos agropecuários em Mato Grosso do Sul atua na agricultura familiar.
Com relação à área dos estabelecimentos pesquisados, 69,2% deles têm área menor que 100 hectares. Ou seja: por mais que sejam mais da metade dos estabelecimentos de MS, em números, eles representam pouca extensão territorial, correspondendo a apenas 3,1% da área total.
De acordo com Henrique Noronha, que atuou na coordenação técnica do Censo, os questionários aplicados em setembro de 2017 não questionaram se os estabelecimentos são de grandes ou pequenos produtores. “Mas fizemos uma filtragem com ajuda do Ministério da Agricultura, com base no conceito de agricultura familiar. Foi com esse cruzamento que chegamos ao número de 60,7% de produtores sendo da agricultura familiar”, aponta.
Os dados do censo, no entanto, ainda mostram que MS está na lanterna brasileira em relação à áreas territoriais destinadas à produções familiares. Por aqui, grandes estabelecimentos seguem dominando a maior parte da extensão do Estado. Ainda segundo o Censo, cerca de 85,5% da área de MS é de estabelecimentos agropecuários.
Em relação aos municípios, os que tem maior numero de estabelecimentos, nos dados gerais, são Sidrolândia, Terenos, Nioaque, Ponta Porã e Itaquiraí. “Sidrolândia está em primeiro lugar porque há muitos assentamentos e quanto mais assentamentos, mais estabelecimentos agropecuários, porém, todos com área bem reduzida”, acrescentou Noronha.
Número de estabelecimentos
O Censo Agropecuário também traz outros destaques, dentre eles, o crescimento no número de estabelecimentos em MS. A pesquisa traz que houve aumento de 9,7% neste número, comparado ao último censo, realizado em 2006 – atualmente, são 71.164 estabelecimentos, que ocupam uma área de 30.549.179 hectares. Isso representa que MS está no 3º lugar nacional em relação área total de estabelecimentos agropecuários, o que também reflete aumento de 0,9% em relação a 2006, ano que foram
registrados 30.274.975 de hectares.
A pesquisa também revela que houve aumento significativo na silvicultura, que são as florestas plantadas. Na liderança nacional, MS teve crescimento de 110 mil hectares para mais de 1 milhão de hectares em 11 anos. Os números refletem basicamente o crescimento do número de florestas de eucalipto, utilizadas na indústria de celulose.
“O crescimento é de 862% em MS, o que é um índice muito grande comparado à média nacional, que foi de 83%. Esta produção em silvicultura é basicamente a monocultura de eucalipto, dentro de estabelecimentos agropecuários”, detalha Noronha.
Neste contexto, cinco cidades de MS estão entre as maiores do país em produção: Três Lagoas, a cerca de 340 km de Campo Grande, lidera o ranking nacional, seguida por Ribas do Rio Pardo. Brasilândia está na 4ª colocação, Água Clara em 8ª e Selvíria ocupa o 11º lugar.
Por outro lado, houve redução de 8% nas áreas de pastagem plantada, passando de 49% para 44,2%, e de 21% das pastagens naturais, passando de 20,5% para 16,1% da área total. O Censo mostra, ainda, a quantidade de hectares destinados a matas naturais, que passou de 19,9% para 21,9%.
Cada vez mais velhos
Um levantamento do Censo Agropecuário destacou que a idade das pessoas que seguem no comando das propriedades rurais é cada vez maior, o que revela certo “envelhecimento” desta população. Os números apontam que entre jovens – até 25 anos -, o índice de administradores é baixíssimo, de apenas 2%.
Administradores que têm entre 25 a 35 anos representam 10% do total. Entre quem tem de 35 a 45, o número é de 18%. Os percentuais maiores, portanto, são entre os mais velhos: 24% são de pessoas entre 45 e 55 anos. 23,5% têm entre 55 e 65. Já com mais de 60 anos, o número é de 23%.
A pesquisa também levantou dados sobre cor e raça dos produtores. A maioria segue sendo de brancos, que representam 59% do total. 30,3% declararam-se pardos.
Mulheres no comando também foi um dos itens explorados no Censo. O total de estabelecimentos nos quais o produtor é do sexo feminino elevou-se de 10,5% para 19,1% (13.638 pessoas), enquanto os homens caíram de 89,5% para 79,8% (56.832) do total.
O número de estabelecimentos com direção compartilhada entre homens e mulheres também foi explorado. Em MS, esse tipo de gestão corresponde a 15% do total de estabelecimentos. Já aqueles que têm uma mulher no comando ou na codireção correspondem a 28%.
Pecuária e agrotóxicos
Com relação à produção de animais, a pesquisa trouxe números interessantes em Mato Grosso do Sul. Por mais que tenha a cidade em primeiro lugar no ranking Nacional, Corumbá, a produção bovina apresentou queda de 5,5% no Estado, em detrimento no aumento da suinocultura (62%) e avicultura (14%)
Já sobre agrotóxicos, um dos temas mais polêmicos explorados no levantamento pesquisou se o produtor utilizou agrotóxicos no período de referência. Os dados mostram que 15.547 produtores utilizaram agrotóxicos. Este número representa um crescimento de 36,3% em
relação a 2006, quando 11.403 produtores declararam tê-los utilizado. Apesar disso, o estado tem o 8º maior percentual de produtores que declararam não utilizar agrotóxico em seus estabelecimentos.
Além disso, 68% do total de entrevistados destacou que não recebem orientação técnica sobre o uso de agrotóxicos. Já entre os que efetivamente afirmaram utilizar o recurso, apenas 45,16% (menos da metade) diz que recebe orientação para manuseio dos produtos.
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