‘Filhos do Aquário’: quarentena de 2 anos amplia em 2 mil número de peixes
Obra está suspensa e não há data definida para conclusão
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Obra está suspensa e não há data definida para conclusão
Em julho do ano passado, depois de tornar pública a informação de que 10 mil peixes que povoariam os tanques do Aquário Pantanal, que haviam morrido no período de quarentena, em local improvisado, o governo estadual, via Semade (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico), anunciou que, doaria, abateria e distribuiria a carne de graça, ou devolveria os animais sobreviventes aos rios de onde tinham sido trazidos. Até ali, somente com os cuidados dos peixes, o governo já tinha gastado em torno de R$ 3,2 milhões.
Um ano e dois meses depois do desastroso incidente, o órgão ambiental refez seus planos por uma circunstância inesperada: o cardume remanescente reproduziu mesmo numa situação desfavorável. Hoje, o plantel soma em torno de 9,5 mil peixes, 2 mil dos quais nasceram nos tanques de lonas.
“Ocorreu uma situação inusitada, não esperávamos que durante esse período (de julho do ano passado até agora) fosse gerar a reprodução” disse o biólogo Heriberto Gimenes, coordenador técnico da chamada quarentena dos peixes que serão levados para o Aquário Pantanal.
A obra em questão deveria ter ficado pronta em dezembro de 2014, contudo, por questões financeiras e até judiciais, a data de inauguração do prédio construído para abrigar o maior aquário de água doce do mundo, é uma incógnita hoje em dia.
Pesquisa
Gimenes disse que a reprodução dos peixes durante a quarentena deu-se por que o local onde tem sido mantido as espécies – prédio da Polícia Militar Ambiental, no Parque dos Poderes, em Campo Grande – foi todo readequado.
A mencionada readequação, disse o biólogo, seria uma tarefa limitada, que era apenas a de cuidar do “bem-estar dos animais”. Ocorre que a demora na conclusão do Aquário fez com que os profissionais que atuam na quarentena recorressem a pesquisas técnicas que motivaram a reprodução.
“Por trás disso [reprodução] há muito estudo, estimulamos isso”, disse Heriberto Gimenes. O biólogo revelou ainda que entre as espécies reproduzidas aparece o lambari do campo, cujo nascimento em cativeiro “foi o primeiro registrado no país”.
“Hoje aqui [cativeiro dentro do quartel da PMA] deixou de ser provisório e pode ser considerado como ambiente natural e que pode abrigar os peixes por tempo indeterminado”, afirmou Gimenes, que acrescentou ter zerado o índice de mortalidade dos peixes.
Simulação
Os cerca de 2 mil peixes nascidos são de 27 espécies diferentes.
A quarentena abriga 160 espécies ao todo, entre elas acará, tambaqui, pepita de ouro, sardinha, bagre, peixa cachorro, pacu, pintado, camarão, matrinxã, entre outras que vieram da África, Oceania e Ásia.
Uma das técnicas aplicadas pela equipe de quarentena que facilitou a reprodução dos peixes foi a simulação de ambientes naturais onde viviam as espécies. Foram feitos dentro dos tanques cenários parecidos ao período de seca e cheia dos rios e até cachoeiras.
Hoje quem cuida da quarentena é o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), órgão estadual. Antes, era uma empresa particular, escolhida por meio de processo licitatório.
O contrato foi rompido no período das mortes dos peixes e a empresa culpou a demora na construção da obra. Informou ainda que dos 10 mil peixes mortos, 80% da causa foi pela queda na temperatura, 10% durante a recondução dos peixes até o quartel e outros 10% por sintomas causados por bactérias.
Tribunal define
A construção do Aquário Pantanal teve início em 2011 e, à época, a gestão do então governo de André Puccinelli (PMDB), prometeu que a obra ficaria pronta até o fim de 2013. O custo do Aquário seria de R$ 84 milhões.
A obra já consumiu R$ 200 milhões, segundo cálculos do atual governo, que não tem data definida para sua conclusão. A empresa que cuida da construção, Egelte quer mais dinheiro, exatos R$ 67.371.873, mas para isso, o governo teria de ceder um aditivo, procedimento proibido por regra.
De acordo com Agesul (Agência Estadual de Gestão e Empreendimento), setor do governo que fiscaliza a obra, o governo tem caixa uma reserva de R$ 18,3 milhões, recurso que está longe de atender a exigência da empreiteira. Ou seja: R$ 48.993.333,81. Esse restante será liberado, ou não, por determinação do Tribunal de Justiça, que cuida da questão.
Se a corte negar a liberação, o governo estadual promete promover nova licitação.
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