Enquanto Consórcio descumpre contrato e culpa Prefeitura, tarifa pode ir a R$ 3,70

Donos dos ônibus faturam R$ 170 milhões por ano e mantêm péssimo serviço

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Donos dos ônibus faturam R$ 170 milhões por ano e mantêm péssimo serviço

Um dos maiores e mais cobiçados de Campo Grande, com R$ 3,4 bilhões de faturamento previsto ao longo dos 20 anos de vigência, o contrato público do transporte coletivo campo-grandense tem vários pontos descumpridos pelo Consórcio Guaiucurus, que ganhou a concessão em 2012. Para se justificar, os empresários põem a culpa na falta de fiscalização da Prefeitura.

O impasse entre consórcio e prefeitura pode estar longe de chegar ao fim. De um lado, a empresa coloca a culpa no município para justificar as poucas realizações. Enquanto isso, a prefeitura mantém a inércia quanto a fiscalização serviço oferecido, e o resultado da ineficiência de ambos acaba atingindo o passageiro, que depende do transporte público.

Quando a exclusividade do transporte público da cidade foi entregue ao consórcio, foi condicionado ao suporte de um projeto de modernização do sistema viário e de mobilidade urbana. Nele são previstas dezenas de melhorias, como trocas de ônibus como dez anos de uso. Mas, ao invés de novos carros, veículos usados foram comprados e reformados. Ganham nova pintura e voltam a rodar pela cidade.

Para se ter ideia, falta clareza em dados básicos, como o tamanho real da frota, por exemplo. Teoricamente, a cidade contaria com aproximadamente 600 ônibus, mas nenhum comprado em 2016. Desde o meio do ano, um carro da marca Iveco está fazendo o itinerário da linha 064, número 1900, ainda em teste.

Um ônibus novo custa, em média, R$ 300 mil. Já o modelo articulado, que tem capacidade para transportar 120 passageiros pode chegar a custar R$ 1 milhão. Com o que a empresa arrecada por mês com o transporte, hipoteticamente, seria possível adquirir 20 novos carros mensalmente.

Caso sejam transportados 200 mil pessoas por dia, ao longo de 31 dias, o número leva a projeção de receita de R$ 20,1 milhões, na hipótese de que todos se enquadrem como pagantes. Desta quantia, 0,3% é repassado a Agetran e Agereg.

Para o consórcio, o descumprimento do contrato é consequência do descaso da prefeitura da Capital, que falta com segurança e fiscalização. por parte da prefeitura, são considerados um dos principais obstáculos, por exemplo, para implantar painéis eletrônicos para que os passageiros acompanhassem o tempo de espera.

Um dos itens que consta em contrato, mas nunca saiu do papel, é a implantação do “Geo-monitoramento”, para que o passageiro pudesse monitorar o percurso do ônibus. Neste ponto, a empresa declarou que o item ainda não foi incorporado devido à falta de segurança e fiscalização em terminais de ônibus. 

O sistema é utilizado em várias cidades do mundo e no contrato em vigência na Capital, ele deveria ter sido habilitado em 2014. Na época em que o convênio foi firmado, seriam injetados recursos em tecnologia de embarque e desembarque, em uma central de monitoramento com câmeras de vídeo nos ônibus, com GPS e com estrutura para atender as pessoas com deficiências. Outro ponto a ser destacado em modernidade consiste na aplicação do nível Euro 5 de política ambiental, que permitiria a redução de 99% de emissão de gases poluentes

Falta tudo – Ao longo do ano, o Jornal Midiamax acompanhou os problemas que os usuários do transporte coletivo enfrentaram. Sujeira, lotação e atrasos são as reclamações mais frequentes. A crítica dos passageiros do transporte público é a mesma, ano após ano: A qualidade do serviço oferecido é ruim, ainda mais quando se leva em consideração o preço da taria – cada passagem custa R$ 3,25 – a 4ª mais cara do país. Em 2017 a tarifa pode subir para R$ 3,70.

O problema começa antes mesmo do usuário entrar no veículo. Em vez de abrigo, ainda há pontos da cidade em que a única identificação de que no local é parada de ônibus, é uma estaca de madeira na cor laranja, e sem oferecer qualquer comodidade ao passageiro.

Nos terminais de transbordo, a situação também não condiz com a obrigação das empresas e prefeitura: Banheiros e bebedouros impraticáveis, pichações, sujeira e lotação. O quadro revela o abandono das estruturas, inclusive no terminal Hércules Maymone, o mais novo dentre os de transbordo em operação na cidade. Os mais antigos, Bandeirantes e General Osório, foram criados em 1991 e também estão em estado de sucateamento.

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