Pacientes com sintomas de dengue ficam mais de 5 horas à espera de atendimento

As reclamações sobre superlotação e demora no atendimento em diferentes unidades de saúde chamou a atenção na manhã desta terça-feira (24). Vários pacientes entraram em contato com o Jornal Midiamax para informar sobre a grande quantidade de pessoas com suspeita de dengue e a redução no número de médicos.

Em visitas à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Universitário, Avenida Guaicurus; ao CRS (Centro Regional de Saúde) Guanandy, na Avenida Manoel da Costa Lima; à UBS (Unidade Básica de Saúde) Aero Rancho, na Avenida Rachel de Querioz; e à UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) Iracy Coelho, na Rua Santa Quitéria, a equipe de reportagem constatou as informações dos leitores.

Para o motorista Cesar Almeida, de 37 anos, que aguarda atendimento no CRS Guanandy, a espera parece não ter fim. Segundo ele, chegou à unidade de saúde às 7 horas e, até as 10 horas (horário da entrevista), ele não havia sido atendido. “Pelo andar da carruagem, só devo ser atendido depois das 11 horas”, diz.

O motorista diz que fez uma contagem, a grosso modo, e constatou haver cerca de 50 pacientes para, apenas, um médico. “Reparei que só tem uma salinha atendendo, só esta sala está com a luz acesa. O pior de tudo é que isso pode ter sido por conta do corte de plantões”, se referindo ao corte das horas extras anunciado pela Prefeitura de Campo Grande em virtude de não haver orçamento suficiente.

A dona de casa Joana de Freitas, de 43 anos, afirma que perdeu o dia somente para acompanhar um parente. “Eu tinha vários compromissos hoje e vou perdê-los. É um absurdo uma pessoa doente esperar tanto tempo assim”, frisa.

Com sintomas de dengue, a dona de casa Érica Freitas, de 33 anos, diz que chegou à UPA Universitário, por volta das 7 horas. Com aproximadamente 100 pessoas à espera de atendimento, até as 9 horas, ela ainda não havia passado pela triagem. “Aqui é muito demorado e eles ainda param de atender às 11h30 e só voltam depois das 13 horas”, relata.

A auxiliar de cozinha Maria Lúcia, de 56 anos, afirma que também foi diagnosticada com dengue e que foi à unidade de saúde para receber as medicações necessárias. “Ontem cheguei às 10 horas e só fui atendida às 15 horas. Perdemos o dia todo à espera de atendimento e os funcionários ainda são brutos com a gente”, lamenta.

O conferente Evandro de Oliveira, de 26 anos, diagnosticado com dengue, diz que chegou à unidade por volta das 7 horas e não tem expectativa de sair antes das 14 horas. “Acho que só vou sair daqui depois do almoço porque ontem cheguei às 7h30 e fui atendido às 16 horas”, explica.

Diagnosticada com dengue, Ana Cristina Machado, de 31 anos, chegou a UBS Aero Rancho, por volta das 7h40 e mais de duas horas depois, ainda não tinha passado pelo médico. “Fiz o hemograma, estou realmente com dengue, preciso fazer a sorologia e controlar o nível de plaqueta, mas até agora não fui atendida. É muito descaso, não entendo”, ressalta.

De acordo com o gerente da UBSF Iracy Coelho, Valdir Borges Vieira, a maioria dos focos de dengue é encontrada nas residências. Ele garante que a melhor forma de combater o mosquito transmissor da doença é mantendo as casas e os quintais limpos.

Conforme os dados divulgados pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), desde o início do ano, 1.290 casos de dengue foram notificados em Campo Grande, destes 317 apenas em março.

O gerente da UBSF explica ainda que março propicia o aumento dos casos de dengue e que a população precisa observar os sintomas. “Nos postos classificamos inicialmente pela apresentação de dois sintomas: febre e dor de cabeça e dores nas articulações. Observando estes sintomas, juntos, a pessoa deve procurar atendimento médico”, orienta.

Segundo o gerente da unidade, ainda não é possível considerar que haja uma epidemia, no entanto, é importante ficar atento. “Está sob controle. Nossa principal preocupação é em relação a dengue hemorrágica que pode levar à morte. Além disso temos de ficar atentos em relação à febre chikungunya porque os sintomas são muito parecidos”, pontua.

A equipe de reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com a assessoria de comunicação da Sesau e foi informada que a demanda nas unidades de saúde está maior em virtude do aumento no fluxo de pacientes com virose e sintomas de dengue.

Quanto à redução no número de médicos, informada pelos pacientes à espera de atendimento nas unidades de saúde, a Sesau garante que “não houve corte de plantões” e que o quadro está completo. Sobre a situação no CRS Guanandy, a assessoria de comunicação afirma que a Coordenadoria de Urgência deslocou uma Equipe Móvel de Urgência até a unidade para agilizar os atendimentos.

A Sesau ressalta ainda que os pacientes que se sentirem prejudicados podem registrar a reclamação na Ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde) pelo telefone: (67) 3314-9955.