Funcionários do São João Bosco são demitidos e ficam sem receber
Funcionários estão com salários atrasados há 3 meses
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Funcionários estão com salários atrasados há 3 meses
Aproximadamente 20 cuidadores de idosos do Asilo São João Bosco, que foram demitidos no dia 9 deste mês, ainda não conseguiram receber os direitos trabalhistas.
Nesta terça-feira (22), eles foram ao Senalba (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul) para a homologação da demissão, que foi feita sem que eles recebessem tudo o que é de direito, mas para “minimizar os prejuízos dos trabalhadores. Senão, não tem o seguro desemprego e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)”, explica a presidente do sindicato Maria Joana Barreto Pereira.
Inconformados, os trabalhadores dizem não saber o que vão fazer da vida. A maioria já estava no asilo há vários anos e gostava muito do trabalho que fazia. Nas vésperas do Natal, eles receberam o pior presente que poderiam.
O cuidador de idosos Francisco de Assis, de 36 anos, ficou sem o emprego e sem nenhuma fonte de renda para família, já que a mulher dele, trabalhava no setor de limpeza e também foi demitida. Os dois estavam a pouco mais de quatro anos na instituição e ficaram sem nenhuma perspectiva. “De repente estava trabalhando e de manhã me chamaram em uma sala. Fiquei totalmente desamparado, abandonado. Foi tocado igual um cachorro”.
Francisco diz que a entidade informou que em dez dias pagaria o acerto, mas ele e os outros funcionários receberam apenas R$ 1,2 mil. Bem longe do que a maioria deveria receber, já que tem salários atrasados de três meses, férias vencidas há três anos, o aviso prévio e os demais direitos trabalhistas. “Eu já havia entregado a casa por falta de condições e agora, estamos dependendo de parentes e amigos. Só não estamos morando na rua”, lamenta.
Maria José dos Santos, de 40 anos, também trabalhava há quatro anos no asilo. Parte como funcionária da limpeza e parte como cuidadora. “Como tirava plantão de noite, ficaram três dias me chamando e eu indo lá. Até que me demitiram sem direito a nada. Tenho três meses de salário atrasado e três férias vencidas”, diz. “Falaram vai embora e procura os seus direitos”, relembra.
Maria José tem três filhos e é ‘pai e mãe’. “Tenho um monte de conta vencida, pago aluguel e não sei o que eu vou fazer”. Sobre o trabalhos, ela diz que amava. “Eu trabalhava lá porque gostava. Eu fui da limpeza e quis ser cuidadora. Quando contei que não voltava, teve idoso que chorou. Nem andei muito por lá, para não deixá-los agitados”.
Fernanda Duarte, de 31 anos, que também trabalhava como cuidadora, reclama que foi informada na demissão que o acerto seria feito em dez dias. “Ficamos na lona. Eu sou viúva, tenho uma filha de dez anos”. Fernanda diz que desde que o asilo começou a passar pelos problemas financeiros, os funcionários estiveram ao lado da instituição. “Ficávamos dois meses sem receber e recebíamos um. Mas ficamos lá o tempo todo, sendo parceiros e pensando que ia melhorar”.
Perto do Natal, este ano, Fernanda diz que a filha vai ficar sem presente. “Já havia prometido um presente e ela passou [de ano na escola] direto. Mas, não vai ter presente”, diz.
Conforme Maria Joana, os trabalhadores estão com os salários atrasados, férias vencidas. O asilo vem enfrentando dificuldades há mais de dois anos. Ao todo, já são aproximadamente R$ 3 milhões em dívidas. Neste ano, os funcionários chegaram a paralisar atividades e protestar.
Os demitidos que foram realizar a homologação no Senalba, são 90% dos cuidadores. Eles mesmos denunciam que ficaram apenas três profissionais da área para cuidar de 85 idosos. “Estão sobre carregados, com certeza”, diz um dos demitidos. Os cuidadores dizem que passaram por capacitação em um curso do SUS (Sistema Único de Saúde) e que teriam sido substituídos, por estagiários de enfermagem, que recebem apenas R$ 600 de ajuda de custo. “São áreas diferentes e nem pode ser executado por enfermeiros, pois não é um hospital”, diz outro ex-funcionário. “Não estão prezando a dignidade dos idosos”, lamenta outra cuidadora.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o Asilo São João Bosco que informou que se pronunciaria após às 14h30.
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