‘Quem pratica assédio não ficará no governo’, adianta Lula em entrevista sobre Silvio Almeida

Lula deu entrevista a uma rádio em Goiás, dizendo que ouvirá Almeida, mas que ele não deve continuar no governo

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(Foto: Ricardo Stuckert)

O governo Lula avalia que a permanência do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, no cargo é insustentável depois que a acusação de que ele assediou sexualmente uma ministra do próprio governo veio a público.

A vítima seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que fez o relato do assédio a diversos integrantes do governo. Questionada em junho sobre o assunto, ela preferiu ficar em silêncio para tentar preservar o governo de um escândalo.

No entanto, as denúncias foram veiculadas pela coluna do jornalista Guilherme Amado na quinta-feira (5) tornando a permanência do ministro no governo como ‘insustentável’, como avaliam membros do Executivo de Lula.

A primeira-dama Janja da Silva postou nas redes sociais uma foto beijando a testa de Aniele Franco, mostrando solidariedade à ela.

Em entrevista a uma rádio de Goiás nesta sexta-feira (6) Lula informou que tem reuniões importantes em Brasília e que deve tratar de um ‘problema delicado’ ainda hoje. No ar, o presidente afirmou que “alguém pratica assédio sexual não deve ficar no governo”.

A Comissão de Ética da Presidência da República decidiu abrir de ofício um procedimento de apuração das denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania Silvio Almeida. O Governo Federal afirmou reconhece a gravidade das denúncias e que o caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem.

Nota da Me Too na íntegra


A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico.

Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa.

Vítimas de violência sexual, especialmente quando os agressores são figuras poderosas ou influentes, frequentemente enfrentam obstáculos para obter apoio e ter suas vozes ouvidas. Devido a isso, o Me Too Brasil desempenha um papel crucial ao oferecer suporte incondicional às vítimas, mesmo que isso envolva enfrentar grandes forças e influências associadas ao poder do acusado.

A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência.

Além disso, a exposição de um suposto agressor poderoso pode encorajar outras vítimas a romperem o silêncio. Em muitos casos, o abuso não ocorre isoladamente, e a denúncia pode abrir caminho para que outras pessoas também busquem justiça.

Nota do ministro Silvio Almeida


Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país.


Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro.

Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro.

Toda e qualquer denúncia deve ser investigada com todo o rigor da Lei, mas para tanto é preciso que os fatos sejam expostos para serem apurados e processados. E não apenas baseados em mentiras, sem provas. Encaminharei ofícios para Controladoria-Geral da União, ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e Procuradoria-Geral da República para que façam uma apuração cuidadosa do caso.

As falsas acusações, conforme definido no artigo 339 do Código Penal, configuram “denunciação caluniosa”. Tais difamações não encontrarão par com a realidade. De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias.

Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício.

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