Ex-secretário preso por corrupção na gestão do PSDB em Terenos alega incompetência de juiz em novo pedido de liberdade

Isaac Cardoso Bisneto mudou estratégia e tenta ‘brecha’ em regulamentação para se livrar da prisão

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Isaac Cardoso Bisneto está preso desde 13 de agosto (Montagem: Nathália Alcântara, Jornal Midiamax / detalhe do ex-secretário Isaac, Reprodução redes sociais)

Quase um mês atrás das grades acusado de fraudar licitações em esquema de corrupção na prefeitura de Terenos – cidade a 31 km de Campo Grande administrado pelo prefeito Henrique Budke (PSDB) -, o ex-secretário de obras do município, Isaac Cardoso Bisneto, entrou com novo pedido de liberdade.

Ele foi preso acusado de comandar esquema de corrupção durante a gestão do PSDB no município. Investigações apontam que Isaac beneficiava empreiteiras ‘amigas’ e criava empecilhos para empresas fora do esquema.

Conforme HC (Habeas Corpus) protocolado nesta quinta-feira (5), o novo defensor de Isaac, o advogado Benedicto Arthur de Figueiredo Neto, mudou de estratégia. Isso porque o antigo advogado de Isaac tentou alegar que ele não ocupava mais o cargo e, por isso, deveria ser solto. O pedido foi negado pela Justiça.

Agora, a nova estratégia para tirar o ex-secretário acusado de corrupção durante a gestão do PSDB em Terenos é uma ‘brecha’ no regimento do TJMS (Tribunal de Justiça de MS).

Conforme a petição, o advogado argumenta que a prisão teve atuação direta do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), braço do MPMS (Ministério Público de MS).

Isso porque o mandado de prisão foi assinado pelo juiz Valter Tadeu Carvalho, de Terenos. Porém, o advogado alega que resolução do TJMS determina que decisões devem ser apreciadas por uma das seis Varas Criminais de Campo Grande. Portanto, a prisão teria sido decretada por um juiz incompetente.

Saiba mais – ‘Vamos pegando tudo’: Empreiteiros tinham ajuda de nomeados políticos para fraudar licitações na gestão do PSDB em Terenos

Por fim, o advogado alega que somente Isaac foi preso, enquanto os empreiteiros envolvidos no que o MPMS chama de ‘farra das empresas convidadas’ continuam soltos.

E, reforça que Isaac pediu exoneração dias antes da operação ser deflagrada. Ainda, que o ex-secretário mora em Campo grande e não exerce mais influência na pasta de Obras.

Juiz reforça gravidade dos crimes e mantém preso ex-secretário por corrupção na gestão do PSDB

O juiz Valter Tadeu Carvalho negou pedido de liberdade feito pela defesa de Isaac, no início de setembro.

Assim, ao negar o pedido feito pela defesa de Isaac, o magistrado desconsiderou o fato de que Isaac pediu exoneração do cargo 11 dias antes da operação. “Necessária para garantir a ordem pública, eis que os fatos possuem gravidade em concreto que exacerbam a normalidade”, destacou na decisão.

Por fim, pontuou que Isaac deve permanecer preso, pois há risco de “reiteração delitiva (garantia da ordem pública) e alteração de provas (conveniência da instrução criminal)”, diz o juiz.

Exoneração dias antes de operação levantou suspeita de vazamento

MPMS revelou esquema de corrupção na gestão do prefeito do PSDB de Terenos, Henrique Budke (Nathália Alcântara, Jornal Midiamax)

“O que dá a entender? Que tinham informação privilegiada, sabiam que iam vir, por isso pediu exoneração”, dispara o vereador Clayton Cleone Melo Welter (PP) sobre saída do secretário de obras do município, Isaac Cardoso Bisneto. Segundo Caco, que é 1º secretário da Câmara, Isaac saiu dez dias antes da Operação Velatus, que revelou esquema de corrupção durante a gestão do PSDB em Terenos – a 31 km de Campo Grande.

Consta no Diário Oficial do município, do dia 2 de agosto, exoneração a pedido do secretário. O prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB) assinou a exoneração. O cargo do primeiro escalão da gestão tucana é uma nomeação política e considerado de confiança do prefeito.

Jornal Midiamax questionou o Gaeco sobre o possível vazamento de informações e se as denúncias seriam investigadas. Contudo, não houve retorno até a publicação desta matéria.

Promotor afirma que Isaac frequentou prefeitura para ajudar empreiteiro

Em 12 de agosto, Isaac foi acionado por um homem, que alegou falta de resposta de Katiane.

Em seguida, encaminhou três documentos: boletim de medição, resumo do empreendimento e relatório de execução de serviços. Para a promotoria, os documentos evidenciam que eles “trataram de assuntos relacionados à pasta da Secretaria de Obras do município de Terenos”.

(Foto: Reprodução MPMS)

Após, Isaac disse ainda que tentaria ir à Prefeitura de Terenos ‘para falar’. As mensagens foram trocadas em 12 de agosto, um dia antes da operação.

Ou seja, Isaac pretendia visitar o Executivo em 13 de agosto — dia da operação e prisão dele. “A resposta de Isaac Cardoso Bisneto evidencia que o investigado permanecia atuando junto à Secretaria de Obras”, apontou a promotoria.

Além disso, a promotoria anexou trechos de conversas de Isaac com outro investigado na operação. Em conversa com Sansão Inácio, Isaac foi solicitado na secretaria para resolver questões da pasta.

Já em conversa com Katiane, “a servidora em questão solicita, em diferentes oportunidades, a assinatura e o comparecimento do investigado”, apontou a promotoria de Terenos.

Prefeitura de Terenos confirma que ex-secretário frequentou Paço Municipal após exoneração

A prefeitura de Terenos confirmou que o ex-secretário de obras, Isaac Cardoso Bisneto, frequentou o Paço Municipal após ser exonerado.

Em nota enviada à reportagem do Jornal Midiamax, a prefeitura confirmou que Isaac esteve no Paço Municipal. “Após a exoneração de Isaac Cardoso Bisneto, ele não continuou atuando na pasta. Após seu pedido de exoneração, ele esteve na Prefeitura para colaborar com o processo de transição para a nova secretária, Katiane de Lima Franco, arquiteta servidora efetiva do quadro da Prefeitura, que assumiu o cargo, e para resolver questões burocráticas acerca de seu desligamento”.

Conteúdos relacionados

pf empresa beto