Semana do Brasil chega no mercado de armas e fábrica faz até promoção de fuzil

Mato Grosso do Sul possui pelo menos 15 mil CACs; registros aumentaram no governo de Jair Bolsonaro

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Maior fabricante de armas do Brasil faz promoção de fuzil (Foto: Divulgação, Taurus)

Criada pelo comércio com intenção de se tornar a Black Friday brasileira, a Semana do Brasil é realizada nos dias que antecedem a Independência, no 7 de Setembro, e reúne lojistas que oferecem descontos nas mercadorias. Neste ano, a campanha de promoções chama atenção por ter atraído até fabricante de armas, que vai dar descontos em carabinas e fuzis.

Em 2022, a semana de descontos teve início neste sábado (3) e deve se estender até a próxima semana. Eletrodomésticos, roupas, acessórios, móveis e beleza são alguns dos setores que há pelo menos três anos dão descontos atrativos nesse período do ano.

Mas neste ano até fabricante de armas entrou na onda de promoções. A Taurus, maior fabricante de armas leves do mundo, divulgou em seu site oficial que alguns itens de armamento estão com até 25% de desconto desde esse fim de semana.

A fabricante colocou três modelos de armas com desconto, são eles: Carabina Taurus CT9 calibre 9mm, Carabina Taurus CTT40c calibre .40S&W e Fuzil Taurus T4 – 14.5″ Semi-Auto calibre 5.56 NATO.

No caso do fuzil, a fábrica ainda detalha que o modelo tem capacidade de 30 tiros com sistema de ação simples.

“Clássica, esta versão apresenta guarda mão de polímero com defletor de calor e sistema de miras MIL-SPEC (militar), alça do tipo carry handle destacável e suporte da massa de mira forjada. É considerada uma arma extremamente confiável, leve, de fácil emprego e manutenção. Ideal para utilização policial, militar e para atiradores esportivos”, divulga a empresa.

Acesso mais fácil a armas

Desde que assumiu a presidência da República em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) colocou em prática uma série de medidas para facilitar o acesso a armas pelos brasileiros. Incluindo processo facilitado para obter o registro CAC (Caçador, Atirador e Colecionador).

Estima-se que pelo menos até o meio deste ano de 2022, a quantidade de registros de armas para os CACs tenha aumentado mais de 400% em todo o Brasil.

Antes do início do governo Bolsonaro, em 2018, o Brasil tinha 117,5 mil pessoas com registro de CAC. Agora, são mais de 673,6 mil registros. Há quatro anos, a cada 100 mil brasileiros, 56 tinham autorização para ter uma arma. Agora, a cada 100 mil brasileiros, 314 são CAC.

15 mil CACs em Mato Grosso do Sul

Em Mato Grosso do Sul, como o Midiamax noticiou em julho, são mais de 15 mil pessoas com esse tipo de registro ativo na Polícia Federal e Exército.

O tempo médio para o processamento dos requerimentos de concessão do certificado de registro, em Mato Grosso do Sul, é de 35 dias, conforme o CMO. Para isso, é necessária apresentação de vários documentos.

São eles cópia do documento de identificação pessoal, certidões de antecedentes criminais das Justiças Federal, Estadual, Militar e Eleitoral, declaração de não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal, comprovante de ocupação licita e de residência física, além da declaração de segurança do acervo.

Também devem ser apresentados comprovante de capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo, concedido por instrutor de Armamento e Tiro, credenciado pela Polícia Federal, laudo de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, fornecido por psicólogo credenciado pela PF, comprovante de filiação à entidade de tiro/caça, dispensado para o registro da atividade de colecionamento e comprovante do pagamento da GRU (Guia de Recolhimento da União), referente à taxa de aquisições de Produtos Controlados pelo Exército.

CACs tentam ampliar poder nas urnas

Os CACs se articulam para a partir de 2023 formar uma bancada no Congresso. Em todo o País, há 34 pré-candidaturas a deputado federal, senador e governador de nomes ligados à Associação Proarmas, a mais representativa da classe. Para os legislativos estaduais e distrital, há mais 23 nomes sendo preparados.

Nos planos do maior grupo armado do País também está a criação de um partido político. É a primeira vez que esse agrupamento, que supera todos os policiais militares em quantidade de membros (e em arsenal particular registrado em nome desses PMs), se organiza nos Estados e com o Palácio do Planalto para eleger representantes.

A entrada dos armamentistas oficialmente na política é incentivada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). O candidato à reeleição tem recebido lideranças e pré-candidatos do movimento no Planalto para vídeos e fotos manifestando apoio a esses aliados. A estratégia conflita com o que o núcleo da campanha tem se queixado: falta de interlocução de Bolsonaro com apoiadores de outros segmentos, como o meio empresarial.

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