Mendonça diz que critério evangélico é de inclusão social
André Mendonça participou de um culto após tomar posse no STF
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O primeiro ato do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, logo após tomar posse, na tarde desta quinta-feira, 16, foi participar de um culto de Ação de Graças em sua homenagem na Catedral da Baleia, sede da Assembleia de Deus Ministério Madureira, em Brasília. A celebração contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, da primeira-dama Michelle, de deputados, senadores, ministros e integrantes do Judiciário.
O magistrado “terrivelmente evangélico”, alcunha dada por Bolsonaro, foi recebido naquele templo com canções e louvores. Abraçou o presidente e agradeceu pela indicação. Os dois apontaram para o céu. O novo ministro do Supremo foi apresentado não só pelo nome que adotou na Corte, mas com o título religioso: “Pastor André Mendonça”.
“Embora o critério evangélico não seja constitucional, é uma forma de inclusão social”, disse o magistrado, que cumprimentou líderes de várias denominações religiosas. “Nós tomamos tubaína juntos, trocamos informações e sentimentos, chegamos a quase chorar juntos. Sinto nele uma coisa que escapa pelas mãos de alguns: a gratidão”, afirmou Bolsonaro. Michelle, por sua vez, conclamou o novo ministro a “combater o mal com amor”.
‘Salto’
Ao discursar, Mendonça defendeu mais uma vez o Estado laico, mas adotou posição ambígua ao comparar sua posse a “um passo para um evangélico, mas um salto para toda a igreja”. Poucos horas antes, ele havia tomado posse no Supremo em cerimônia também prestigiada pelo presidente, pelo vice Hamilton Mourão e por chefes dos Poderes. Ali, fez questão de destacar que pretendia ajudar a “consolidar a democracia” e defendeu a liberdade de imprensa.
“O primeiro compromisso que eu queria reiterar, na verdade, é com a democracia, os valores da nossa Constituição e, em especial, com a Justiça. A Justiça enquanto valor e ideal”, afirmou Mendonça. “Eu espero poder contribuir com a Justiça brasileira e o Supremo Tribunal Federal e ser, ao longo desses anos, um servidor e um ministro que ajude a consolidar a democracia, esses valores, garantias e direitos, que já estão estabelecidos nos interesses da nossa Constituição.”
Ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça, Mendonça disse que a imprensa poderia contar com seu respeito na “defesa irrestrita da liberdade e das prerrogativas do livre exercício da profissão” de jornalista. “Vocês são fundamentais para a construção do nosso país e da nossa democracia”, afirmou. Ao menos no discurso sobre a imprensa, o ministro procurou se “descolar” de Bolsonaro.
Tensão
Segundo nome indicado pelo presidente para o STF, Mendonça assume o cargo em novo momento de tensão entre o Planalto e a Corte, uma vez que há inquéritos contra Bolsonaro e aliados tramitando ali. No ano passado, o presidente emplacou no tribunal Kassio Nunes Marques, mas foi o nome “terrivelmente evangélico” que enfrentou as maiores resistências.
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, e o ministro do STF Ricardo Lewandowski prestigiaram o culto. Adventista, Martins foi preterido pelo Planalto e não teve apoio de líderes religiosos. Em discurso improvisado, ele destacou virtudes cristãs do novo ministro e cometeu duas gafes: saudou o presidente como Jair “Soares” Bolsonaro, em vez de “Messias”, e trocou rei Salomão por “apóstolo Salomão”.
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