Após o da família Bolsonaro, Frederick Wassef, deixar a defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso que investiga esquema de “rachadinha” com dinheiro público – que pode ter financiado empreendimentos imobiliários da milícia no Rio de Janeiro -, o filho do presidente contratou para a sua defesa Luciana Pires e Rodrigo Rocca. Eles atuaram na defesa de políticos como o ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso por corrupção passiva, e de militares processados pelo Ministério Público do Rio, por crimes cometidos no período da ditadura.

Frederick abandonou o barco na esteira da operação da Polícia Civil, que prendeu o policial militar aposentado, Fabrício Queiroz – amigo da família Bolsonaro, e suspeito de envolvimento no esquema de rachadinha – em sua própria casa. Flávio, junto com Queiroz, ex-chefe da segurança dele, são investigados por peculato, e organização criminosa.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, Luciana Pires já advogou para a ex-deputada Cidinha Campos, para o deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ) e atualmente defende o ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz nos processos da Operação Lava-Jato no Rio. Rocca também já defendeu na Justiça o ex-governador Sérgio Cabral, durante os processos que ele responde na operação Lava-Jato. Ele, porém, deixou o caso quando Cabral decidiu fazer delação premiada.

Ainda de acordo com o jornal, embora Flávio conheça Luciana há quase dez anos, o que foi decisivo para que o Planalto concordasse com o nome da dupla de advogados foi a atuação deles em defesa de militares acusados por crimes cometidos durante a ditadura.

Ela e Rocca já foram sócios e atuaram na defesa de militares que foram processados pelo Grupo de Justiça de Transição do Ministério Público Federal no Rio (MPF) desde 2014. Para os procuradores, alguns dos crimes cometidos na ditadura configuram crimes contra a humanidade.

Luciana defendeu o general Nilton Cerqueira denunciado por seu envolvimento no atentado do Riocentro. Na época, Cerqueira era comandante geral da Polícia Militar (PM) do Rio, que teria mandado suspender o policiamento na área do centro de convenções quando um grupo de militares pretendia plantar bombas no evento que estava lotado. A denúncia contra os militares envolvidos no caso foi aceita pela Justiça Federal em 1ª instância, mas depois foi trancada nos tribunais superiores.

Já Rocca advogou para o general reformado José Nogueira Belham, acusado pelo assassinato e ocultação do cadáver do deputado federal Rubens Paiva em janeiro de 1971. O parlamentar, cassado à época, foi preso em casa no Rio e levado para o Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do Rio na Barão de Mesquita. Belham era o chefe do DOI e foi acusado por outros militares de saber que Paiva estava sendo torturado, mas não tomou providências. A denúncia também foi aceita em primeira e segunda instância, mas uma do ministro Teori Zavascki trancou o caso em 2014 e com a morte do magistrado o caso ficou com o ministro Alexandre de Moraes.