Pesquisadores dizem que meio e genética influenciam meio a meio

Pesquisas apontam que ter pais com vícios pode aumentar as chances dos filhos também terem os mesmo problemas. Essa hereditaridade vale tanto para drogas, como álcool, cocaína e nicotina, quanto para hábitos, como compulsão por sexo, jogos ou compras.

Felizmente, a genética não age sozinha. Segundo a professora de genética Ana Lúcia Brunialti Godards, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), 50% do nosso vício é determinado pelos nossos genes, e 50% pelo nosso meio social.

“Se eu tenho um pai alcoolista, por exemplo, quando eu experimento uma bebida alcoólica, rapidamente o meu cérebro vai associar aquilo com prazer e vai começar uma modificação química e fisiológica, que vai tornar aquilo necessário para o meu dia a dia”, explica a professora.

Mas de fato, o vício só será instalado após o uso contínuo. “Isso que a gente chama de dependência só se instala com tempo de uso, e vai ser mais rápida ou mais lenta de acordo com a carga genética”, diz Ana.

Outros estudos mostram que o vício em alucinógenos tem menor influência genética do que os vícios em fármacos, como a cocaína. É o que explica o psiquiatra Guilherme Messas, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa.Você sabia? Vícios também podem ser transmitidos de pai para filho

O psiquiatra alerta que não existe, entretanto, “uma herança genética tão poderosa que torne a pessoa dependente sem que os fatores ambientais tenham uma influência decisiva”.

Messas explica que esses estudos se baseiam na epigenética, que diz que alterações químicas no corpo de seres vivos podem ser transmitidas às suas futuras gerações. Isso inclui o vício, a obesidade, entre outras característias adquiridas por hábitos próprios.

A professora da UFMG, no entanto, destaca que os estudos nessa área precisam ser aprofundados. “Ainda é uma suposição que essa alteração passe de pai para filho e precisaríamos de mais pesquisas, especialmente em seres humanos”.

(com supervisão de Evelin Cáceres)