Membro de quadrilha que usava viaturas para transportar cocaína tem liberdade negada: ‘Alta complexidade’

Viaturas eram alugadas por cerca de R$ 80 mil para trazer cocaína de Ponta Porã

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(Reprodução processo)

O membro da quadrilha que usava viaturas da Polícia Civil para transportar cocaína de Ponta Porã para Campo Grande, Márcio André Rocha de Farias, teve a liberdade negada nesta segunda-feira (25). Ao todo, 21 pessoas viraram réus após a deflagração da Operação Snow, em março deste ano.

Na decisão da 5ª Vara Criminal, Márcio é apontado como a pessoa que dava todo apoio logístico à quadrilha. “Dava suporte seja providenciando locais para servirem de entreposto da droga, seja providenciando motoristas, seja providenciando veículos, seja recebendo ou mesmo despachando o entorpecente para o destino final, ou seja, faziam o necessário para que a atividade criminosa se desenvolvesse com êxito”, diz o texto. 

“Agentes públicos e empresários, e que teriam envolvimento com o tráfico de grande quantidade de drogas trazidas diretamente da fronteira com o Paraguai e destinada a outros Estados da Federação, fatos que, a princípio, além de demonstrarem a extrema gravidade concreta das condutas e a periculosidade dos imputados, como o procedimento encontra-se em seu início, sem dúvida, a liberdade precoce pode influenciar na coleta das provas”, fala a decisão sobre o pedido de liberdade provisória.

Policial com patrimônio milionário

O policial civil, Anderson César dos Santos Gomes, preso por integrar uma quadrilha que usava viaturas da Polícia Civil para transportar cocaína de Ponta Porã para Campo Grande, tem um patrimônio milionário, que inclui casas de luxo e caminhonetes, segundo a denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Hugo César Benites, outro policial, preso durante a deflagração da Operação Snow, no dia 26 de março deste ano, fazia o chamado ‘frete seguro’ junto de Anderson para a quadrilha. O grupo chegou a alugar uma residência na Rua Retiro Novo, no bairro Jardim Pênfigo, para ‘esconder’ a droga que vinha para a Capital.

Durante uma das viagens dos dois policiais, imagens de câmeras de segurança da casa mostram a viatura entrando na garagem da residência e, em seguida, descarregando fardos pretos onde estavam a droga. Nas imagens, Valdemar Kerkof aparece ajudando a dupla de policiais a descarregar a viatura. Ele chega a olhar para as câmeras de segurança da casa.

O veículo usado pelos policiais pertence a 1ª Delegacia de Ponta Porã. Pelas imagens, os policiais chegam a casa no dia 4 de maio de 2023, e retiram da viatura cerca de 10 caixas com drogas. A residência usada pela quadrilha era alugada para festas e eventos.

Operação Snow

A operação foi deflagrada contra um grupo criminoso de tráfico de cocaína que cooptava policiais para a organização que usavam viaturas para fazer o transporte da droga. 

Uma das maneiras utilizadas pelo grupo para trazer a droga de Ponta Porã até Campo Grande, de onde saía para outros estados, era o chamado “frete seguro”, por meio do qual policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública.

O grupo transportava a droga oculta em meio a uma carga lícita, o que acabava por dificultar a fiscalização policial nas rodovias, principalmente quando se tratava de material resfriado/congelado, já que o baú do caminhão frigorífico viajava lacrado.

A organização ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, para assim chamarem menos a atenção em eventual fiscalização policial. Ainda segundo o Gaeco, foi possível identificar mais duas toneladas de cocaína da organização criminosa, apreendidas em ações policiais.

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