Um dos alvos da Operação Snow, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), na manhã desta terça-feira (26), o policial civil, Hugo Cesar Benites, acabou preso horas depois da deflagração da ação do MPMS (Ministério Público Estadual), mesmo de férias. Ele já está encarcerado na 3ª Delegacia de Polícia Civil.

ERRATA: Inicialmente essa reportagem afirmou que o policial civil Hugo Cesar Benites não havia sido preso porque está de férias. Na verdade, o policial não foi preso nas primeiras horas da Operação Snow, mas a Polícia Civil confirmou ao Jornal Midiamax nesta quarta-feira (27) que a prisão do policial se deu ainda na terça (26), horas depois da deflagração da operação. O Midiamax vem a público corrigir a notícia reforçando o compromisso com a informação correta.

Hugo entrou para a polícia em 2018. O outro policial civil que seria alvo da ação já foi preso anteriormente depois de ser flagrado transportando drogas para a organização. Foram expedidos 21 mandados de prisão e mandados de busca e apreensão. 

Segundo o MPMS (Ministério Público Estadual), a organização era altamente estruturada, com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, entre eles policiais cooptados pela organização. O grupo usava empresas de transporte para lavar o dinheiro. Os policiais faziam o transporte de cocaína em viaturas oficiais, já que não seriam paradas nas rodovias.

A Polícia Civil, através da assessoria, disse em nota que um procedimento administrativo foi aberto para apurar a conduta/envolvimento dos policiais civis com o grupo criminoso. “Reforçamos o compromisso de não não tolerarmos com desvios de conduta nem qualquer comportamento que comprometa a integridade da instituição e a confiança da sociedade”, diz a nota.

Lista dos mandados de prisão conta com empresários, caminhoneiros a homicidas.

Confira a lista

  • Hugo Cesar Benites – policial civil;
  • Rodney Gonçalves – empresário com passagens de tráfico de drogas em São Paulo;
  • Jucimar Galvan – empresário preso durante a operação com arma em casa;
  • Adriano Diogo Veríssimo – motorista de caminhão com passagem por violência doméstica;
  • Anderson Cesar dos Santos – auxiliar administrativo com passagem por roubo;
  • Bruno Ascari – motorista de caminhão;
  • Ademar Almeida Ribas;
  • Ademilson Cramolish Palombo – estava envolvido no caso do garagista Alma, desaparecido. Ademilson devia mais de R$ 160 mil a Carlos Reis de Medeiros, que nunca teve o corpo encontrado;
  • Douglas Lima de Oliveira, acusado de matar em outubro de 2022 Cristian Alcides Lima Ramires;
  • Darli Oliveira Santander – empresária;
  • Eric do Nascimento Marques;
  • Fábio Antônio Alves da Silva;
  • Fernando Henrique Souza dos Santos – motorista entregador e passagens por tráfico, sendo preso pela Denar em outubro de 2023;
  • Frank Santos de Oliveira – preso com arma em casa durante a operação;
  • Joesley da Rosa – motorista de caminhão
  • Luiz Paulo da Silva;
  • Márcio André Rocha Farias – auxiliar de vendas;
  • Mayk Rodrigo Gama – passagens por furtos de carros em vários bairros da cidade;
  • Natoni Lima de Oliveira;
  • Paulo Cesar Jara Ibarrola;
  • Welington Souza Lima, conhecido como ‘Garganta’, com passagens por furtos.

O Jornal Midiamax tentou contato com o policial Hugo Benites e com a defesa dele, mas nenhum advogado constituído pelo investigador foi encontrado. As tentativas de contato foram devidamente registradas e o espaço segue aberto para futuras manifestações.

O espaço também segue aberto para manifestação dos outros 20 alvos da operação. Os nomes foram divulgados pela reportagem por se tratar de documento oficial da investigação do Gaeco.

Operação Snow

A operação foi deflagrada contra um grupo criminoso de tráfico de cocaína que cooptava policiais para a organização que usavam viaturas para fazer o transporte da droga. 

Uma das maneiras utilizadas pelo grupo para trazer a droga de Ponta Porã até Campo Grande, de onde saía para outros estados, era o chamado “frete seguro”, por meio do qual policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública.

O grupo transportava a droga oculta em meio a uma carga lícita, o que acabava por dificultar a fiscalização policial nas rodovias, principalmente quando se tratava de material resfriado/congelado, já que o baú do caminhão frigorífico viajava lacrado.

A organização ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, para assim chamarem menos a atenção em eventual fiscalização policial. Ainda segundo o Gaeco, foi possível identificar mais duas toneladas de cocaína da organização criminosa, apreendidas em ações policiais.

(Matéria atualizada para correção de informação às 09h39)