Além dele, prestou depoimento o presidente da Câmara, Eduardo Cunha

Na CPI da Petrobras o ex presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, disse que era impossível identificar a corrupção na estatal. Corrupção que, segundo um dos delatores na Operação Lava Jato, institucionalizou-se quando Gabrielli assumiu a direção da empresa.

Depondo na mesma CPI, o presidente da Câmara foi poupado por governistas e pela oposição. Quase todos os deputados apoiaram e elogiaram o presidente da Câmara, que desqualificou o trabalho do Ministério Público Federal.

Eduardo Cunha está sendo investigado por suspeita de ter recebido dinheir do esquema de corrupção da Petrobras.

“Essas investições para o Congresso Nacional um crise que não foi criada por nós. Eu tenho feito uma pergunta e quero repeti-a aqui: “Cadê o chefe?” Parlamentar não indica diretor de Petrobras”, diz o deputado Arthur Maia (SD/BA).

“Não há nenhum fato que relcione o nome dele a essa lista. O que essa comissão, o que esta Casa tem em mãos não nos leva, neste momento, a ter nenhuma razão para ver este nome  citado”, afirma o deputado Sibá Machado (PT/AC).

Poucos deputados questionaram o presidente da Casa. Ivan Valente, do PSOL, sugeriu que ele aceite a quebra dos sigilos. “Vossa Excelência aceitaria antecipadamente quebrar o sigilo fiscal, telefônico e bancário?”, perguntou o deputado Ivan Valente (PSOL/SP).

Eduardo Cunha disse que pode abrir os sigilos se for pedido pela CPI. Ele negou que o PMDB tivesse um operador no esquema de corrupção. Afirmou também que nunca recebeu dinheiro do policial Jayme de Oliveira, a mando do doleiro Alberto Youssef.

Em depoimento, o policial disse que levou dinheiro para uma casa no Rio de Janeiro que seria do deputado. Yousssef confirmou a entrega da propina no endereço, mas negou que o dinheiro fosse para o presidente da Câmara. A Procuradoria identificou como dono da casa um assessor de um aliado de Cunha.

“O referido policial retifiou seu depoimento por meio de seus advogados, retificou em 5 de janeiro de 2015 e afirmou que a casa amarela fica no Condomínio Novo Leblon e não teria como saber se a casa seria mesmo de Eduardo Cunha”, declara o deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), presidente da Câmara.

O presidente da Câmara acusou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,  de usar critérios políticos para escolher os investigados.

“Ele não investigou todos, não teve um critério único para todos e, por motivações de natureza política, ele escolheu exatamente aqueles que eram alvo de investigação”, diz Eduardo Cunha.

Quando começou o depoimento do ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, os parlamentares governistas e de oposição voltaram às discussões acaloradas.

O ponto central do depoimento de Gabrielli foi negar que o esquema de corrupção se tornou institucionalizado na Petrobras como afirmou essa semana o ex-gerente de serviços da empresa, Pedro Barusco. Para o ex-presidente, os casos de corrupção foram isolados.

Gabrielli repetiu esse argumento várias vezes, ao longo de cinco horas, e disse que não tinha como saber dos desvios de dinheiro.

“É impossível se identificar esse tipo comportamento internamente. Isso é um caso de policia e como tal vai ser descoberto por investigação policial que vem de outras fontes. O roubo individual foi feito na relação com empresas privadas e não na Petrobras”, diz Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras.