SC: 2 anos após chuva matar 135, famílias ganham nova casa
Uma semana antes de completar dois anos da enchente que deixou 135 mortos em Santa Catarina, as primeiras 96 famílias de desabrigados da tragédia em Blumenau realizaram a mudança para uma nova casa neste final de semana. A tragédia de 22 de novembro de 2008 deixou 135 mortos e milhares de desabrigados em Santa Catarina. […]
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Uma semana antes de completar dois anos da enchente que deixou 135 mortos em Santa Catarina, as primeiras 96 famílias de desabrigados da tragédia em Blumenau realizaram a mudança para uma nova casa neste final de semana.
A tragédia de 22 de novembro de 2008 deixou 135 mortos e milhares de desabrigados em Santa Catarina. Apenas em Blumenau, 5,4 mil pessoas chegaram a viver em 76 abrigos montados no ápice da enchente. Muitas pessoas acabaram alugando residências e deixando as moradias provisórias nos meses seguintes. Atualmente, cinco abrigos ainda estão ativados na cidade.
O condomínio com três blocos foi entregue na sexta-feira pela prefeitura municipal de Blumenau em parceria com o programa Minha Casa, Minha Vida. A mudança de várias das vítimas da enchente começou neste sábado e deve se estender por todo o feriado.
Caminhões alugados pelo município e os funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social auxiliaram as famílias a transportarem seus pertences das moradias provisórias para as novos apartamentos, com dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. As vítimas da enchente entraram no programa habitacional do governo federal e irão pagar entre R$ 50 e R$ 130 mensais pelas novas moradias.
“Tenho banheiro”, diz morador
Entre os que realizavam mudança neste sábado, o operador de máquinas Alcindo Soares, 31 anos, disse ser o “mais feliz”. Após dois anos vivendo com a mulher, o filho e uma enteada nas moradias provisórias, ele comemorou o fato de voltar a ter um banheiro.
“Foi uma experiência triste. Perdemos de uma hora para a outra toda a nossa privacidade e história de vida”, disse. “Fomos obrigados a conviver com pessoas completamente diferentes. Aprendi a respeitar e viver em grupo. Mas estou muito feliz por ter de volta toda a minha privacidade e de ter um espaço, um banheiro, apenas para a nossa família”.
Moradias provisórias
De acordo com o secretário de Assistência Social de Blumenau, Mário Hildebrant, a expectativa é a de que três dessas moradias provisórias sejam desativadas nas próximas semanas. “Vamos realocar essas pessoas e manter apenas dois abrigos em funcionamento”, afirmou. “Temos a expectativa de que até o final do ano possamos entregar mais quatro novos condomínios e zerar o número de pessoas em moradias provisórias”.
Hildebrant afirmou que todos os desabrigados foram acompanhados de perto por assistentes sociais no período em que viveram nas moradias coletivas. Ele disse que as famílias tiveram como “saldo positivo” a convivência em comunidade, mas criticou a burocracia enfrentada para poder atender as vítimas da tragédia.
“Mesmo em situação de emergência, a prefeitura teve que se submeter a todo entrave burocrático para socorrer essas pessoas”, disse. “Mas acho que eles voltam para casa com um rico aprendizado na perspectiva da vivência coletiva. Enfrentaram desafios, mas tiveram apoio e orientação”.
O custo das cinco moradias provisórias que abrigam vítimas da enchente de 2008 gira em torno de R$ 840 mil ao mês para Blumenau, segundo o prefeito João Paulo Kleinübing, e causaram polêmica no município. Alguns moradores chegaram a criticar as instalações e banheiros montados em conteinêres. Entretanto, os abrigos foram considerados como “modelos” pela Cruz Vermelha Alemã.
O secretário municipal de Regularização Fundiária e Habitação, Cezar Campesatto, confirmou que quatro complexos habitacionais deverão ser finalizados em 2010, mas a entrega dos apartamentos dependerá da Caixa Econômica Federal, que precisa aprovar a documentação das pessoas pré-selecionadas. Os terrenos onde os condomínios estão sendo construídos foram adquiridos com R$ 8,2 milhões das doações feitas junto à Defesa Civil de Santa Catarina.
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