Acusada de falsidade ideológica e associação criminosa em investigação contra grupo por grilagem de terras da União em Mato Grosso do Sul, a fazendeira Elizabeth Peron Coelho nega que houve crime na transferência de propriedades ao empresário apontado pela PF como principal beneficiário do esquema, Mário Maurício Vasquez Beltrão, da Toposat Ambiental Ltda (CNPJ 05.296.337/0001-01).
Para a Polícia Federal, essas propriedades transferidas ao empresário seriam terras devolutas da União, ou seja, que não têm dono e, portanto, pertencem à União. Por outro lado, a fazendeira afirma que possui documentação atestando que as áreas pertenciam há muitos anos à família.
Conforme o advogado André Borges, que representa os herdeiros de Magno Coelho, cujos bens são administrados por Elizabeth – uma das filhas -, as terras ligadas a ela na investigação são duas propriedades contíguas no Pantanal do Rio Negro, que faziam parte da Fazenda Redenção, e a transferência para Beltrão está documentada e dentro da lei.
Assim, o advogado explica que as áreas haviam sido desapropriadas pelo Estado para a criação de um Parque. No entanto, o Estado não pagou pela desapropriação e, então, Elizabeth contrata Beltrão para adotar as providências administrativas para garantir o pagamento.
Dessa forma, a defesa da fazendeira explica que o pagamento a Beltrão pelos serviços prestados foi uma parte em dinheiro e outra em duas propriedades com área total de 5 mil hectares, destacadas da fazenda original, chamada Redenção, que tinha mais de 30 mil hectares.
“Único suposto crime de Elizabeth, como representante da empresa: ter declarado que família sempre exerceu a posse de toda a propriedade: falsidade ideológica”, explica Borges.
Por fim, o advogado se diz confiante em provar a inocência de Elizabeth. “Ela provará tudo com tranquilidade. Simples ofício da PF esclareceria tudo. Busca e apreensão foi um ato violento e desnecessário, considerando o fato, o perfil dela e o histórico de ficha limpa”, pontuou.
Operação contra grilagem

Agentes da PF (Polícia Federal) cumpriram 10 mandados de busca e apreensão em Campo Grande e um em Rio Brilhante em ação contra grilagem de terras em Mato Grosso do Sul.
Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, um dos locais visitados pelos agentes foi a Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), no Parque dos Poderes. A autarquia estadual tem supervisão da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), pasta comandada por Jaime Verruck.
Na autarquia estadual, a PF levou documentos, celulares e notebook. As investigações suspeitam de que servidores receberiam propina para fraudar títulos de terras da União. Elas estão localizadas dentro do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, no Pantanal.
Também foram alvo da ação fazendeiros, empresários e servidores. Assim, a PF também cumpriu mandados em dois condomínios de luxo em Campo Grande.