Pular para o conteúdo
Transparência

Fundação culpa Agesul por atraso na entrega de relatório sobre destruição de riacho no Pantanal

Agência atrasou respostas feitas pela Fundação para que possa concluir o relatório
Renata Portela -
Barragem teria sido feita sem licença ambiental (Reprodução, Ibama)

Obra que rendeu multa de mais de R$ 3 milhões à (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) no Pantanal é alvo de inquérito civil. Um relatório foi solicitado para apurar a atual situação do local, que teria sido danificado em 2021 para que comitiva do então governador Reinaldo Azambuja (PSDB) passasse.

No dia 30 de janeiro, a Fundação do Meio Ambiente do Pantanal emitiu ofício para a 2ª Promotoria de Justiça de . Na peça, a diretora-presidente afirma que foi feita a fiscalização no local indicado no dia 22 de janeiro.

A fiscalização tinha como objetivo verificar possíveis irregularidades apontadas em um relatório de vistoria do (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), sobre a construção de barragem no Corixo Mutum, na Fazenda Paraíso, no Distrito de Porto Esperança.

No entanto, a Fundação pediu mais 20 dias de prazo, “tendo em vista que foram enviados questionamentos a AGESUL, o que nos impede de concluir o relatório, valendo esclarecer que tão logo nos seja respondido os questionamentos por aquele órgão, encaminharemos imediatamente a essa Promotoria, para conhecimento e demais providencias cabíveis”, diz o ofício.

Com isso, foi concedida dilação do prazo em 20 dias. O Midiamax acionou a Agesul via e-mail para saber se os questionamentos já foram respondidos e aguarda retorno. “Todos os questionamentos enviados à Agesul no bojo do inquérito civil 06.2022.00000623-2 foram respondidas”, afirmou por meio de assessoria.

Multa de R$ 3 milhões

A Agesul foi multada em mais de R$ 3 milhões pela construção de uma pequena barragem no Pantanal de Corumbá, no Corixo Mutum. A obra teria acontecido para que comitiva do então governador Reinaldo Azambuja (PSDB) passasse em 2021.

Pouco mais de uma semana após a visita do governador, equipe do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) esteve na região. O grupo parou para almoçar em Porto Morrinho.

Foi então que moradores no Porto Esperança se aproximaram e informaram sobre o barramento do Corixo Mutum, afluente da margem esquerda do Paraguai, na Fazenda Paraíso. A denúncia apontava que o barramento foi feito pela Agesul para permitir que a comitiva de Azambuja tivesse acesso terrestre ao distrito, para o lançamento de obras.

(Reprodução, Inquérito)

Assim, os moradores mostraram vídeos das máquinas da Agesul no local. O problema é que não foi implantado sistema de drenagem para dar vazão às águas, interrompendo o fluxo natural.

Esses pantaneiros que vivem da pesca e catação de iscas para venda acabaram prejudicados. Após a denúncia, o Ibama notificou a Agesul para apresentar a autorização ambiental para construção daquela barragem.

No entanto, já em dezembro a Agesul ainda não havia tomado providências. Foi então que o Imasul sugeriu lavrar auto de infração pela obra, sem licença ambiental. O aterro tem aproximadamente 50 metros, por 10 de largura.

Desta forma, foi aplicada a multa de R$ 3.001.500. Só depois, a Agesul se manifestou, contestando a legalidade da multa e dizendo que foi “surpreendida por termo de embargo de obra”.

Inquérito foi instaurado

Após as denúncias apresentadas, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) instaurou inquérito civil e notícia de fato em junho de 2022. A partir daí, a Agesul alegou que a obra foi executada no período de seca e que essa passagem já existe há anos, para acesso à comunidade local.

Porém, conforme o parecer da promotora Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina, o que se verificou é que chegou a existir uma barragem, mas depois eles abriram nova estrada sem drenagem.

O Midiamax contatou a Agesul na época sobre a multa e o andamento do inquérito. Em resposta, a Agência afirmou que “O inquérito civil n° 06.2022.00000623-2 segue em tramitação, aguardando diligência do órgão ambiental de Corumbá. O governo atual reforça compromisso com a preservação do bioma pantaneiro e lembra que desde janeiro de 2023 determinou a paralisação de uma série de obras na região para melhor avaliação dos impactos”.

Vistoria técnica

Em 29 de novembro de 2022, equipe do MPMS foi até o aterro construído, com dois servidores da Agesul. Assim, foi recomendada a instalação de drenos, para permitir o fluxo natural da água no Corixo Mutum.

Isso porque há drenos, mas que só ‘funcionam’ em épocas de cheia. A intenção é de que a água possa fluir mesmo na estiagem, tanto no local próximo à confluência com o Rio Paraguai, quanto no local de construção da nova ponte de concreto.

Em documento, a Agesul citou o contrato para implantação da rodovia de acesso ao porto esperança, tema que foi tratado pelo governo Azambuja naquele evento em agosto de 2021.

O valor inicial do contrato foi de R$ 13.276.437,99. Em março, a Agesul ainda informou que tal empreendimento está devidamente licenciado. Sobre a barragem, não consta cópia da licença ambiental.

Contrato para rodovia

Em setembro de 2021, foi firmado contrato para a empresa Equipe Engenharia (CNPJ 82.595.174/0001-09). A empresa recebe R$ 13,2 milhões para executar o serviço de implantação em revestimento primário de rodovia não pavimentada, no acesso ao Porto Esperança, no município de Corumbá.

Conforme o extrato publicado pela Agesul, o serviço compreende o trecho no acesso ao Porto Esperança, trecho: (km 700+218) — Distrito de Porto Esperança, com extensão de 11,233 km, no município.

O valor total é de R$ 13.276.437,99 com recursos do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul).

Matéria editada às 11h28 para acréscimo de posicionamento

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Investigação é arquivada apesar de reconhecer falha hospitalar em parto de natimorto em MS

Audiência pública em Dourados discute violência contra crianças e adolescentes

Ex-comandante da Aeronáutica diz que alertou Bolsonaro sobre inexistência de fraude nas urnas

edio bloqueio sed

Ex-secretário-adjunto da SED é alvo de operação da PF contra fraude em contratos da educação de MS

Notícias mais lidas agora

sed

Licitações da gestão de Reinaldo na SED-MS foram alvo de quatro operações da PF por fraude

sed

LISTA: Alvos da PF vão de empresários a ex-servidores da SED em MS

cedraz ministro tcu

Ministro do TCU destaca incertezas em proposta de leilão da BR-163 e histórico falho da CCR

Mochi vai à tribuna da Alems e critica leilão com CCR MSVia como única interessada

Últimas Notícias

Sem Categoria

Lula assina medida provisória da reforma do setor elétrico

Lula apresentou o desenho final da proposta que busca gratuidades na tarifa para milhões de pessoas e abertura de mercado para baixa tensão

Polícia

Perseguição contra traficante termina com tiros e carro apreendido com quase 1 tonelada de drogas

Traficante abandonou o carro e fugiu na manhã desta quarta-feira (21)

Transparência

Com superlotação, fila para procedimentos e falta de médicos, HRMS continua sob investigação

Decisão do Conselho Superior do Ministério Público de Mato Grosso do Sul decidiu por manter as investigações

Transparência

LISTA: Alvos da PF vão de empresários a ex-servidores da SED em MS

Polícia deflagrou operação contra fraude em contratos da SED na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB)