Cezário foi preso após descumprir ordem judicial e se reunir ‘às escondidas’ com dirigentes de clubes

Justiça havia determinado que ele não exercesse qualquer função na entidade

Gabriel Maymone – 28/08/2024 – 08:50

Campo Grande
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Francisco Cezário foi levado preso pelo Gaeco na manhã desta quarta-feira (28) (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

O ex-dirigente da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), Francisco Cezário de Oliveira, 78, foi preso novamente na manhã desta quarta-feira (28) por descumprir medidas impostas pela Justiça para manter sua prisão domiciliar.

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, Cezário foi flagrado realizando reuniões em sua casa, no bairro Taveirópolis, com presidentes de clubes e dirigentes esportivos.

No entanto, Cezário estava impedido pela Justiça de exercer ‘qualquer função na Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul’. Por isso, novo pedido de prisão contra ele.

Consta no pedido de prisão que Cezário se reuniu em 6 de agosto – véspera de Assembleia Geral da FFMS -, em sua casa, com Giovani Jolando Marques, dirigente do Operário Athletico Clube, e Ari Silas Portugal, diretor de futebol do Comercial. Os dois participaram da sessão na entidade.

Além disso, após a Assembleia, também estiveram com Cezário, Luiz Bosco da Silva Delgado, presidente do Corumbaense, Júlio Brant, executivo de Futebol da FFMS.

Também foi apontado pelas investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que Cezário esteve na CBF após ter deixado a prisão.

Dessa forma, foi autorizado cumprimento de buscas e apreensões na casa de Cezário. Assim, o Gaeco procurou por documentos que reforcem as investigações como celular, documentos, anotações, cadernos, agendas, extratos bancários, arquivos eletrônicos e valores em espécie.

Em nota, o Gaeco afirmou que “Verificou-se que, a despeito da proibição judicial, o ex-dirigente continuava a participar, nos bastidores, dos rumos da entidade, articulando com aliados e fazendo reuniões em sua residência com Presidentes de Clubes e dirigentes esportivos, além de acompanhar de perto as reuniões que ocorriam no âmbito da FFMS”.

Confira nota da FFMS enviada após a publicação da reportagem: “A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul esclarece que o Sr. JÚLIO BRANT não é executivo da FFMS, não trabalha na FFMS, não possui qualquer vínculo com a FFMS e nunca exerceu função na FFMS”.

Gaeco amanheceu na casa de Cezário

Agentes do Gaeco estiveram na casa do ex-mandatário, no bairro Taveirópolis, para cumprir novos mandados de busca e apreensão, além de efetuar a prisão de Cezário.

Cezário é réu por desvios de R$ 10 milhões do futebol sul-mato-grossense e já havia sido preso em maio deste ano, na Operação Cartão Vermelho. Ficou 15 dias atrás das grades e se livrou com tornozeleira após passar mal ao saber do falecimento da irmã, no início de junho.

A irmã – e advogada de Cezário –, Francisca Rosa de Oliveira, comentou sobre a prisão com a imprensa. “Fomos pegos de surpresa. Não sabemos o que está acontecendo, estamos evitando todo e qualquer motivo para isso [descumprimento de ordem judicial]”.

Agentes do Gaeco deixaram o local com alguns malotes de documentos apreendidos.

Agentes do Gaeco deixam casa de Cezário com malote de objetos apreendidos (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

Cezário é denunciado por chefiar esquema que desviou R$ 10 milhões do futebol de MS

Francisco Cezário de Oliveira e mais 11 pessoas foram denunciadas pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelos crimes de integrar organização criminosa, peculato, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de capitais.

Conforme a denúncia baseada nas investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), o montante desviado pelo grupo de Cezário superou os R$ 6 milhões apurados inicialmente. Logo, apurou-se que os valores podem ultrapassar os R$ 10 milhões, segundo o Gaeco.

Ainda, na denúncia, o MPMS pede pagamento para reparação de danos no valor de R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões para reparar os prejuízos causados à FFMS e o restante a título de danos morais coletivos.

Operação Cartão Vermelho na Federação de Futebol de MS (Foto: Alicce Rodrigues, Midiamax)

*Editada às 10h40 para acréscimo de posicionamento da FFMS enviada após a publicação da reportagem

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