Há sete anos, trabalhadores da área da saúde em Batayporã, a 300 quilômetros de Campo Grande, esperam receber acerto da Associação São Lucas, que fechou as portas com dívida de R$ 800 mil.

Indignado com a situação, o pecuarista Jaci Maximiliano, de 61 anos, procurou a equipe de reportagem para relatar o caso. Ele é esposo de uma das vítimas, e preferiu não identificar a companheira. Com os processos em mãos, ele detalha que, além dela, mais 15 pessoas aguardam acerto da instituição, que alega não ter dinheiro.

O problema financeiro se deu porque o hospital não conseguiu renovar contrato com a prefeitura e perdeu os repasses. Com isso, deixou de operar as atividades e teve de dispensar técnicos, enfermeiros e médicos. 

O prédio foi a leilão, com tentativas de arremate sem sucesso. Hoje, o lugar funciona como creche. “É um absurdo, esse prédio estar alugado e todos sem receber”, questiona Jaci.

A técnica de enfermagem, Maria José, também foi uma das funcionárias que ficou de mãos vazias. “Eu já perdi as contas de quanto eu tenho para receber. A última vez que o advogado me passou, o valor era de R$ 24 mil. Isso porque, antes de fechar, já estávamos movendo uma ação por atraso de salário. Esse dinheiro ta fazendo muita falta, eles estão enrolando a gente. Sempre falam que não têm condições e o prédio está alugado, mas falam que não têm dinheiro”.

Outra técnica de enfermagem, que não quis revelar o nome, disse que trabalhou no local por 30 anos e até hoje não teve qualquer proposta de pagamento. “Eu fiquei 28 anos lá, foram cerca de dois anos sem registro”, comentou.

Associação busca formas para pagar

O advogado da Associação São Lucas, Ilson Cherubim, explicou que o hospital não conseguiu renovar o contrato com a gestão, o que resultou na demissão de dezenas de pessoas. Segundo ele, na época o prefeito não teve interesse em dar continuidade nos repasses. “Não tivemos como continuar. Fizemos acerto com 60% dos funcionários, os outros 40% que não aceitaram, nós deixamos um imóvel que hoje funciona como a creche, que está alugada”, conta.

Ele detalha que todos os valores recolhidos mensalmente, estão sendo depositados na Justiça do trabalho. “Isso vai ser acumulado para fazermos o pagamento integral. A gente aguarda, ainda, o Tribunal de Justiça fazer uma nova avaliação do imóvel, se for leiloado, faremos o pagamento sem que seja preciso juntar o que é pago dos aluguéis”, detalhou.

Conforme Ilson Cherubim, o hospital possuía R$ 800 mil em folha de pagamentos em 2016, quando fechou as portas. O valor do imóvel deixado como garantia de pagamento era de R$ 2 milhões. Em leilão realizado em julho do ano passado, ninguém de interessou pelo imóvel.