Os servidores suspeitos de desviar veículos e peças no pátio do -MS (Departamento Estadual de de Mato Grosso do Sul) de , a 116 quilômetros de Campo Grande, teriam registrado apenas dois dos 48 veículos apreendidos pelas forças de segurança da região entre 2021 e 2022. 

Por este motivo, foi deflagrada a segunda fase da Brutus nesta terça-feira (3), entre a Polícia Civil e a Corregedoria do Detran-MS, para cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e bloqueio de contas judiciais, como forma de reprimir os envolvidos e desarticular o esquema.

Esquema no Detran-MS

No entanto, antes da ação desta terça, no dia 11 de abril, a polícia cumpriu um mandado de prisão preventiva e dois de busca e apreensão na primeira fase da operação, contra suspeitos de praticarem desvios dos veículos. Entre eles estava um ex-servidor. 

Na ocasião, foi descoberto que os carros apreendidos não eram lançados no órgão do Detran-MS, apesar de serem apreendidos. Mediante pagamento de propina, os investigados liberavam os automóveis aos proprietários antes do lançamento de qualquer restrição. 

Assim, veio à tona que de 48 apreensões foi confirmado o lançamento no sistema de somente duas. O ex-servidor foi preso em flagrante por peculato e corrupção passiva. A partir de tais informações, os investigadores descobriram haver também um trabalho de desvio e revenda de carros e peças.

Operação Brutus

Na segunda fase, desta terça, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e dois servidores foram levados para a delegacia. A operação teve apoio da Corregedoria de Trânsito do Detran-MS, que também fez o bloqueio de contas judiciais contra os suspeitos que faziam a venda e transferência ilegal de veículos e peças que estavam apreendidos no pátio do Detran-MS em Nova Alvorada do Sul.

Um intermediário e um contrabandista eram comparsas dos servidores, meio pelo qual obtinham a liberação dos veículos com o pagamento de propinas. Consta que não eram realizadas as inserções dos veículos no sistema devido e, posteriormente, era feita a devolução ao proprietário mediante o pagamento de propina, sem o recolhimento dos débitos administrativos existentes.

Também concluiu-se que quando o dono do carro não efetuava o pagamento da propina, os veículos eram “depenados”. Ou seja, as peças eram retiradas e comercializadas a terceiros, ou até mesmo os veículos eram revendidos e transferidos mediante inserção de dados falsos. 

Para justificar o sumiço das peças, os servidores registravam falsos boletins de ocorrência noticiando furtos. Através de quebras de sigilo bancário, apurou-se que a movimentação do grupo chegou a uma quantia suspeita superior a R$ 220 mil. Eles foram indiciados pela prática de corrupção passiva e ativa, associação criminosa, peculato, inserção de dados falsos em sistema informático e fraude processual.

Demissão

Por meio de nota, o Detran-MS disse que acompanha as investigações e que os servidores envolvidos serão exonerados. Confira abaixo a nota na íntegra.

“A Polícia Civil, através da Delegacia de Polícia de Nova Alvorada do Sul, com o apoio da Corregedoria de Trânsito do Detran – MS, cumpriu na manhã de hoje (3), quatro mandados de prisão preventiva e bloqueio de contas judiciais em desfavor de suspeitos que realizavam a venda e transferência ilegal de veículos e peças que estavam apreendidos no pátio do Detran em Nova Alvorada do Sul. Informamos que o inquérito é conduzido com o apoio da Corregedoria do Detran, por meio do Delegado Alberto Vieira Rossi, e que o Detran colabora com as investigações, desde o início. Os servidores envolvidos serão exonerados e o Detran continuará contribuindo para as investigações”.