O Governo de Mato Grosso do Sul ficará com a guarda do Cessna C210, prefixo PR-XIC, uma aeronave que teria sido comprada e usada pelo escritório do crime do ex-major Carvalho, segundo consta em denúncia do TRF4, após decisão da Justiça Federal de Pernambuco. O termo de responsabilidade pelo avião foi publicado no desta terça-feira (26).

A 4ª Vara Criminal Federal e (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica) são responsáveis pelo termo de destinação provisória, conforme decisão judicial. A taxa de administração pela destinação será de R$ 2.399.000,00 para a Casa Militar de MS.

A data do termo de responsabilidade é de 1º de julho de 2022. Assinam pelo termo Dra Amanda Torres de Lucena Diniz Araújo, Juíza Federal da 4ª Vara da Justiça Federal e Coronel QOPM Nelson Antonio da Silva, Chefe da Casa Militar-MS.

A aeronave é apontada como adquirida em dinheiro por um dos membros do escritório , chefiado por Carvalho, segundo a denúncia. No entanto, o avião ainda consta no CPF do proprietário de Mato Grosso do Sul. Ele entrou em contato com a reportagem do Midiamax e disse que foi investigado na Operação Além-Mar, mas nega conhecer Carvalho.

“Fui contratado para um serviço e fui enganado. Não tenho relação e nem conheço esse Carvalho”, alega. A aeronave foi apreendida em Ponta Porã em 2020.

Escritório de Rio Negro

Chamado de “Pablo Escobar brasileiro” e preso no mês passado pela Interpol na Hungria, Sérgio Roberto de Carvalho, o ex-major Carvalho, também é acusado de chefiar um megaesquema de tráfico internacional de drogas que tinha atuação em Rio Preto, São Paulo. A quadrilha importava cocaína de países vizinhos ao Brasil, por meio de aeronaves, e encaminhava a droga até portos nacionais. De lá, a carga ilícita seguia de navios para a Europa, camuflada com outros produtos.

Durante a Operação Enterprise, deflagrada em 2020, o major Carvalho, como é conhecido por ter sido da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul até 2018, foi apontado pela Polícia Federal como líder do esquema. A operação também mostrou que a quadrilha tinha seis pessoas de Rio Preto que eram responsáveis pela logística aérea do grupo, ou seja, por trazer a droga de países vizinhos para o Brasil, e pelo núcleo administrativo. Com ajuda de contadores, a quadrilha chegou a abrir dez empresas fictícias em Rio Preto para facilitar a exportação da cocaína e ocultar bens adquiridos com o faturamento do tráfico.

A operação apreendeu R$ 500 milhões da rede criminosa. Na ocasião, foram expedidos mandados de para ele e seus comparsas. Também foram apreendidos 50 toneladas de cocaína ao longo da investigação e bens como aeronaves, navios e carros de luxo dos integrantes da quadrilha.

Entre as aeronaves apreendidas está a que foi destinada a MS.