Inquérito apura desvio de recursos para construção de bueiro em área particular em MS

Obra fica dentro de uma fazenda

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Imagem anexada ao processo mostra bueiro construído pela prefeitura
Imagem anexada ao processo mostra bueiro construído pela prefeitura

O MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) instaurou inquérito civil para apurar suposto desvio de recursos públicos da prefeitura de Amambai, a 352 quilômetros de Campo Grande, por meio da construção de bueiro em área particular da zona rural. O edital de abertura de investigação foi publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (9).

O procedimento é coordenado pela promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Comarca. As investigações tiveram início a partir de uma denúncia anônima encaminhada à ouvidoria, sinalizando para a possível irregularidade.

Consta que foram construídos dois bueiros celulares de concreto, no acesso a uma fazenda localizada na rodovia que liga Amambai a Juti. A informação é de que o empreendimento estaria completamente dentro da fazenda, beneficiando apenas o dono, já que não é local de passagem pública.

A pedido do MPMS, a PMA (Polícia Militar Ambiental) foi ao local e constatou que o bueiro estava dentro da propriedade, permitindo a passagem sobre um pequeno córrego. O proprietário afirmou que a obra havia sido executada pela prefeitura, mas garantiu que tinha interesse do público.

Segundo ele, a estrada onde fica o bueiro é rota para o transporte escolar e escoamento de produção da região. A PMA ainda fez todos os levantamentos referentes às licenças ambientais para a obra e constatou não haver irregularidades neste sentido, enviando o relatório com fotos ao MPMS.

O que diz a Prefeitura

Por meio de nota encaminhada por José Aguiar, secretário municipal de Comunicação Social, a prefeitura disse que a obra foi necessária em razão da demanda, já que foram abertas novas frentes agrícolas, assim melhoraria o trânsito da comunidade indígena. Disse também que foram construídos dois bueiros celulares, um no acesso à fazenda Aurora, localizada na rodovia Amambai-Juti, na região do Chorro e na estrada vicinal de acesso à Aldeia Amambai. Pontuou que o objetivo foi atender aos produtos e ao interesse público da região, bem como reforçou que refuta qualquer tipo de irregularidade ou desvio.

Confira a nota na íntegra:

A referida obra de bueiro celular fora contratada através do processo licitatório carta convite nº 019/2021, do processo administrativo nº 090479/2021, tratando-se da construção de equipamentos que visam atender a urgente demanda que o município de Amambai tem passado diante do acelerado avanço e abertura de novas frentes agrícolas, bem como acessibilidade e melhoria de trânsito da comunidade indígena Aldeia Amambai.

Foram construídos dois bueiros celulares, um no acesso a fazenda Aurora, localizada na rodovia Amambai-Juti, na região do Chorro e na estrada vicinal de acesso a Aldeia Amambai.

Em especial ao tema tratado no inquérito civil, destacamos que o referido bueiro celular não foi construído para atender uma única demanda privada. Para melhor compreensão, é preciso reportar ao ano de 2012, em que o município sofreu uma grande e continua chuva por meses, danificando centenas de pontos de acesso das estradas vicinais, especificamente o acesso à fazenda Aurora e outras. De lá pra cá, o referido acesso deu-se por um desvio passando por uma reserva legal da referida propriedade.

A presente obra foi viabilizada para atender uma nova demanda na chamada região do Chorro (sendo esta região a que mais recebe empreendimentos agrícolas para o plantio de soja e milho, totalizando aproximadamente 20.000 novos hectares na referida região).

Cabe salientar que no acesso aos fundos e vizinhos lindeiros, a fazenda Aurora é o único caminho natural de escoamento da produção já existente e outros empreendimentos que estão em fase de implantação.

Destaca-se ainda que, até o início da pandemia da COVID-19, na referida região, haviam diversos alunos (crianças em idade escolar) que por força de lei deveriam que ser deslocadas em ônibus para os estudos, que também serviam-se do referido desvio e da citada obra.

Quanto ao inquérito em si, a Procuradoria Jurídica do município tem atendido todos os esclarecimentos solicitados pela excelentíssima senhora Nara Mendes dos Santos Fernandes, promotora de justiça, inclusive “in loco” e em audiências realizadas na última segunda-feira. Nos causa estranheza a suposta denúncia anônima, ficando evidente tratar-se de mera disputa política local, nota-se que a referida denúncia não cita a construção do segundo bueiro celular na comunidade indígena Aldeia Amambai, com a população aproximada de 8 mil pessoas.

O município de Amambai tem uma forte vocação voltada ao agronegócio, as ações da Prefeitura sempre se deram na resposta com suporte modal e logístico de transporte para escoamento da produção de diversos empreendimentos agrícolas existentes e em acelerado processo de instalação no município.

Refutamos qualquer tentativa de nos acusar de desvios ou privilégios particulares, temos sim uma realidade macroeconômica em transformação contínua nos demandando respostas e suporte.

 

Conteúdos relacionados

A publicação foi feita no Diário Oficial da ASSOMASUL (Foto: Divulgação)
mau cheiro jbs
vereador