Um campo-grandense foi condenado nesta terça-feira (14), segundo sentença da 7ª Vara Criminal Federal de São Paulo. Procurado pela Interpol, Selmo Machado da Silva é acusado de invadir o sistema do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª região) para alterar senhas e transferir quase R$ 900 mil ilegalmente.

Ali Mazloum é o juiz da vara, que condenou Selmo a 9 anos e 2 meses em regime semiaberto por falsificação de documentos e invasão de computadores. Os crimes estão previstos no artigo 297, “caput”, na forma do artigo 71, ambos do Código Penal, em concurso material (artigo 69, CP) com o crime previsto no artigo 154-A do Código Penal.

O hacker também foi multado em 554 dias-multa, que equivale a um trigésimo do salário mínimo cada um deles. Com ele, Diego Guilherme Rodrigues foi condenado a 5 anos e 5 meses, além de 486 dias-multa.

Cerca de seis meses se passaram desde que a denúncia foi aceita, em junho deste ano, até a condenação dos . Durante todo o processo, Selmo esteve foragido da Justiça, incluído até mesmo na lista de bandidos mais procurados da Interpol.

Já Diego, foi preso preventivamente em 19 de maio, quando foi recolhido ao Centro de Triagem de Mato Grosso do Sul. O hacker é acusado de ter relação com os crimes e uso de conta própria para envio dos valores de desembargadores, juízes e outros servidores da Justiça Federal.

Transferências 

Dentre as movimentações tentadas, Selmo alterou as senhas do juiz Federal José Henrique Prescendo. Assim, tentou transferir R$ 225.914,26 para uma conta do Banco do Brasil, que tinha Diego como titular.

O mesmo aconteceu com a juíza Federal Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, que teve a tentativa de transferência ilegal de R$ 648.575,43. O valor também seria enviado para Diego, também para Diego.

No entanto, a juíza percebeu as alterações e a Econômica Federal foi avisada a tempo, impossibilitando a transferência. No total, 26 logins foram alterados no TRF3, com a intenção de aplicação de crimes.

Além dos acessos alterados na 3ª Região, outros tribunais sofreram ataques de Selmo. Segundo o juiz, foi encontrada “grande quantidade de pedidos de recuperação de senha de usuários do sistema PJe, inclusive com a tentativa de acesso ao sistema de outros tribunais, quais sejam, Tribunal Regional Federal da 1ª Região e Tribunal Regional Federal da 2ª Região”.

Selmo respondia também por crimes em seis processos protocolados no gabinete do desembargador Federal Dr. Fausto de Sanctis. Ao invadir os sistemas do desembargador, o hacker aproveitou para incluir nos processos “pareceres ministeriais para se fazer constar pedidos de absolvição”.

Vale destacar que os hackers campo-grandenses possuem mais de um CPF (Cadastro de Pessoa Física) no nome. Diego também responde na 5ª Vara Criminal Federal de Campo Grande, processo em que é acusado de ter recebido o valor de R$ 43 mil com golpes de código de barras.