Suposto ‘coletor de dinheiro’ de Amorim pediu nomeação em concurso da Sefaz
Pecuarista diz que resolveu questão com André Cance
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Pecuarista diz que resolveu questão com André Cance
José Carlos Franco de Souza, engenheiro agrônomo apontado pela Polícia Federal como “coletor de dinheiro” na suposta organização criminosa que envolveria políticos e empreiteiros de Mato Grosso do Sul, aparece nas escutas da Operação Lama Asfáltica fazendo um pedido inusitado. Ele ‘solicita’ uma das vagas no concurso da Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul) para alguém identificado como motorista.
O concurso, com vagas para os cargos de fiscal de rendas e agente tributário, que estão entre os mais altos salários pagos aos servidores públicos estaduais, foi envolvido em suspeitas de fraudes do começo ao fim e chegou a ser suspenso pelo então governador André Puccinelli (PMDB) após o Jornal Midiamax revelar irregularidades na banca que elaborou uma das versões da prova.
Mas as denúncias acabaram ‘contornadas’ e recentemente Reinaldo Azambuja (PSDB) iniciou a convocação dos aprovados. Nas escutas, uma das conversas adianta que as convocações seriam deixadas para o ‘próximo governador’.
As gravações o mostram fazendo o pedido para Mauro Cavalli, administrador e pecuarista que já foi coordenador-geral de licitação da Semad (Secretaria Municipal de Administração de Campo Grande) durante a gestão de André Puccinelli na Prefeitura.
José pede uma posição a Mauro, que disse que iria pescar “com o pessoal lá” e ver a possibilidade de nomear ‘o motorista’. O pecuarista afirma que vai pedir para o seu funcionário falar com a chefe, “a japonesa”, para poder dar a ele uma “informação precisa”. Eles se referem a Thie Higuchi, secretária da SAD (Secretaria de Estado de Administração) na gestão Puccinelli.
As conversas foram gravadas no início de dezembro e mostram, inclusive, a transição de governo entre Puccinelli e Reinaldo Azambuja. Mauro informa que ligou para André Cance (que teve um ex-cunhado aprovado no concurso, André Luiz Pereira da Silva, que era procurador jurídico da Câmara Municipal de Campo Grande e suspeito de ter visto a prova antes do concurso) e que ele informou que Puccinelli e Reinaldo teriam supostamente combinado para que Reinaldo fizesse a convocação.
– Viu, bom , eu resolvi e liguei para o André Cance, porque ele é da pasta lá – diz Mauro
-Ah é, ele que é do setor lá
– É, aí ele disse o seguinte, que já, o atual e o futuro governador, já sentaram e essa, o concurso vai ficar para o Reinaldo chamar…
– Ah, pro Reinaldo chamar.
– É, o André não vai chamar.
No fim da conversa, Mauro diz que a nomeação só sairia em 2015. No último mês, o governo do Estado convocou 75 para nomeação, sendo agentes tributários e fiscais de renda. Desses, alguns abaixo da classificação, definidos pelas cotas.
Nas escutas, a Polícia Federal não chega a identificar a quem o código de ‘motorista’ se refere e não falam o nome de quem pleitearia a nomeação pedida por José Carlos Franco. Além do favor, José Franco é interceptado fazendo diversas ligações para tratar de aplicações de dinheiro.
Ele combina de ir buscar valores com várias pessoas, entre elas Elza Cristina Araújo dos Santos, braço-direito de João Amorim na Proteco Construções Ltda.
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