‘Não vamos investir sem segurança de que tudo foi bem feito até agora', diz governador eleito

O governador eleito, (PSDB), quer investigar detalhe por detalhe do , obra que (PMDB) denomina como “emblemática”, mas que acabou sendo a maior dor de cabeça de sua gestão.

Preocupado com as dúvidas em relação ao valor total da obra e com as várias denúncias de desperdício e até de irregularidades, Reinaldo já tinha avisado que faria auditoria antes de aplicar qualquer recurso. Agora, ele confirmou ao Midiamax que contratará uma avaliação externa para detalhar a obra. 

“Não vamos investir recursos sem que me dê segurança jurídica de que o que foi feito até agora está bem feito, com padrão de engenharia, segurança de estruturas, segurança no que tiver para fazer, e se realmente os valores depositados darão pra concluir. Precisamos ver quem (empresa de auditoria) tem know how para dar segurança jurídica. Deve ser feito mesmo por uma auditoria externa”, justificou.

O novo governador ressalta que o fato de ter dinheiro reservado não significa que o governo terá de concluir, de imediato, o projeto. “Não é porque ficou dinheiro que somos obrigados a gastar. Vamos gastar com segurança jurídica para o Estado. Até porque esta é uma obra que começou avaliada em R$ 87 milhões e, pelas informações, hoje já passa de R$ 200 milhões. Precisamos de segurança para o Estado. Vamos concluir, mas vou convocar Ministério Público e Tribunal de Contas para fazer junto o acompanhamento da auditoria que vamos contratar”, concluiu.

O caso

O Midiamax conversou com o representante de uma das empreiteiras subcontratadas que está há meses trabalhando no aquário. Em pouco tempo, ele detalhou vários casos de desperdício por conta de erros no projeto. A lista inclui até um aquário inteiro escondido no meio da obra por conta de um erro no projeto.

“Teve um tanque que perderam, isolaram. Fizeram ele e concretaram tudo, mas saiu do projeto. Fizeram errado e ele já estava pronto. Foram oito caminhões ou mais de concreto só com este tanque. Gastou muito concreto com fundação, laje e paredes”, contou.

O funcionário conta que a Egelte, que tomava conta do projeto, cometeu vários erros, a começar pela estrutura do aquário. Segundo denúncia, a empresa fez a estrutura com pilar e arco de concreto, mas teve que derrubar tudo e refazer porque estava errado.
“Estava na metade e mandaram derrubar. Tiveram que fazer tudo de estrutura metálica. Foram várias coisas erradas. Jogavam dois caminhões de massa fora todos os dias. Faziam dois caminhões de massa e não usavam nem a metade de um. Ai jogava tudo fora”, detalhou.

O funcionário relatou erros até no plantio de gramas, que acabou gerando mais despesa desnecessária. “A grama, já estavam plantando tudo até lá embaixo. Mas, não fizeram a drenagem e tiveram de arrancar tudo. É um ganhando dinheiro do outro. Como a máquina arrancou tudo, perdeu a grama e ganharam dinheiro para fazer tudo de novo. Agora arrumou mais R$ 34 milhões”, criticou.

Obra milionária

Previsto para custar R$ 84.749.754,23, o aquário contabiliza inúmeras suplementações que já fazem o preço passar da casa dos R$ 200 milhões, embora Puccinelli viva sustentando que não passa de R$ 155 milhões. Em outubro ele disse ao Midiamax que os R$ 14,9 milhões que a Petrobras está gastando no Aquário do Pantanal, em Campo Grande, não entram na soma de R$ 154 milhões em verbas públicas já consumidas pelo projeto. Com isso, a obra já chegaria a R$ 169 milhões, que somados aos R$ 34 milhões carimbados pela Assembleia, já chega a R$ 203 milhões.

No mesmo dia ele comentou que a obra não foi concluída no prazo porque “as empreiteiras não deram conta de terminar”. Depois, corrigiu-se: “não é que não deram conta, é que quebrou o aquário” – um acidente danificou algumas das placas de acrílico de parte dos tanques.

Chamado de “elefante branco” e até de “abacaxi deitado” por deputados e por parte da população, a obra de Puccinelli nem foi 

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concluída, mas já tem mais motivos para envergonhar do que para exaltar o idealizador. O aquário é alvo de inquérito do Ministério Público Estadual, por denúncia de superfaturamento e críticas sobre a real necessidade da obra, quando o Estado carece de serviços básicos, como saúde e segurança. Recentemente, uma das empresas contratadas relatou outros problemas na obra, anunciando calote e até sumiço de material.