Em disputa bilionária, irmãos Batista perdem controle da Eldorado para fundador

Decisão liminar do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) tirou 8.28% do controle acionário da Eldorado Celulose e Papel S.A, em Três Lagoas, da J&F Investimentos pertencente aos irmãos Joesley e Wesley Batista e devolveu ao Fundo de Investimentos em Participações Multiestratégia do empresário Mário Celso Lopes, fundador da fábrica. A liminar […]

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Paper Excellence detêm ações de complexo industrial em Três Lagoas (Divulgação
Paper Excellence detêm ações de complexo industrial em Três Lagoas (Divulgação

Decisão liminar do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) tirou 8.28% do controle acionário da Eldorado Celulose e Papel S.A, em Três Lagoas, da J&F Investimentos pertencente aos irmãos Joesley e Wesley Batista e devolveu ao Fundo de Investimentos em Participações Multiestratégia do empresário Mário Celso Lopes, fundador da fábrica.

A liminar não apenas restabelece direito de voto ao empresário, mas tira o comando acionário das mãos dos irmãos Batista, que travam disputa judicial bilionária pelo controle da gigante de celulose com a Companhia Indonésia Paper Excellence S.A.

O empresário recorreu à Justiça após ter percentual acionário diluído no decorrer de operações feitas sem seu conhecimento. No início das atividades, Lopes detinha 25% do capital da fábrica enquanto e a J&F os outros 75%. Após ter sua participação reduzida a 16,72%, ele acionou a Justiça.

Na primeira instância, o juiz da 4ª Vara Cível de Três Lagoas negou a liminar. No TJMS, o desembargador Nélio Stábile concedeu, na quarta-feira (27), o direito do empresário participar ‘de todas as deliberações’ envolvendo a empresa até o julgamento do mérito da ação de nulidade acionária.

“Dentre as arbitrariedades observadas, destaca-se a violação à cláusula anti-diluição prevista no item 2.4. do contrato parassocial, ocorrida com a incorporação da Florestal Brasil S/A, que redundou na indevida redução da participação no capital social da acionista MJ, de 25% para 16,72, motivo pelo qual reputo ser plausível,
recomendável e mesmo necessário assegurar à Recorrente, ao menos provisoriamente, o direito de voto, em proporção correspondente a 8,28% das ações representativas do capital social da empresa Eldorado”, apontou o desembargador.

“Não se está diante de qualquer conflito societário, mas de uma disputa que permeia os R$ 11,2 bilhões”, ressaltou o advogado Lucas Mochi, sócio da Mochi & Bento Advogados Associados, que representa o Fundo de Investimentos em Participações Multiestratégia.

Tribunal arbitral

Na decisão, o desembargador determinou que seja comunicada também a CAM (Câmara de Arbitragem do Mercado do Estado de São Paulo). Com a retomada dos 8.28% em ações por Mário Celso Lopes, a J&F perdeu o controle acionário e nem ela nem a Paper Excellence S.A poderão decidir sobre a fábrica sem consultar o empresário.

Desde 2018, ambas disputam o controle da Eldorado. Na última semana, o tribunal arbitral da ICC (Internacional Chamber of Commerce) determinou a formação de um comitê de governança corporativa formado por representantes de ambas as empresas para decidir sobre as transações envolvendo a Eldorado. A decisão sobre o caso, que corre em sigilo, foi tornada pública apenas nesta quinta-feira (28).

Com a medida do ICC e a concessão da liminar pelo TJMS, o advogado do Fundo de Investimentos em Participações Multiestratégia irá protocolar pedido para que seja assegurada também a participação do empresário fundador da fábrica.

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