Justiçamentos podem virar epidemia, alerta ativista social
As cenas de justiçamentos de suspeitos de crimes, feitos pela própria população, podem se tornar uma epidemia no país, se não forem tomadas medidas urgentes. A opinião é da ativista dos direitos humanos Yvonne Bezerra de Melo, que recentemente ficou em evidência ao proteger um jovem negro que havia sido preso por uma tranca de […]
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As cenas de justiçamentos de suspeitos de crimes, feitos pela própria população, podem se tornar uma epidemia no país, se não forem tomadas medidas urgentes. A opinião é da ativista dos direitos humanos Yvonne Bezerra de Melo, que recentemente ficou em evidência ao proteger um jovem negro que havia sido preso por uma tranca de bicicleta a um poste, no Flamengo, zona sul do Rio. Ela participou na noite de hoje (19) do programa 3 a 1, da TV Brasil.
“O país está vivendo esta epidemia porque a população se deu conta, de repente, que nós não temos segurança. E nós não temos ninguém para nos proteger. Quando isso acontece, que você tem uma polícia que não responde aos anseios da sociedade, que não funciona e deixa tudo acontecer, as pessoas pensam: se ela não funciona, funciono eu. Isso é perigosíssimo. É pré -civil”, advertiu Yvonne, que se projetou nacionalmente em 1993, após atuar na Chacina da Candelária, quando oito jovens foram assassinados por policiais militares, no centro do Rio.
A antropóloga, especializada em pesquisas da violência, Jacqueline Muniz, também participou do programa e destacou que os fenômenos de justiçamento não são novos, mas agora têm maior visibilidade, por causa das redes sociais e da facilidade em se produzir imagens. Ela lembrou dos temíveis esquadrões da morte, que atuavam na época da ditadura militar, fazendo justiça pelas próprias mãos. “Essa percepção generalizada de insegurança vem em ondas. As pessoas têm apetite por Justiça aqui e agora. Mas o salvador de hoje pode virar o tirano de amanhã, e vai começar a cobrar por segurança do território”, disse Jacqueline.
Também participou do debate o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Rio de Janeiro (OAB-RJ), Ronaldo Cramer. Segundo ele, “o tempo da Justiça sempre vai ser diferente daquilo que queremos. Ela [Justiça] tem todo um processo para dar suas respostas, para não gerar injustiças”.
Além do caso do menor preso pela tranca de bicicleta, no Flamengo, outros exemplos vieram à tona nas últimas semanas, como o de um rapaz morto em plena luz do dia, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense; outro rapaz suspeito de roubo foi amarrado e jogado em um formigueiro, no Piauí; e um suspeito de furto de um botijão de gás também foi amarrado pelas mãos e agredido pela população, no município de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio.
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