O juiz Juliano Luiz Pereira, da comarca de , sustentou decisão que concedeu anulando sessão que afastou vereadora do cargo por 90 dias em Nova Alvorada do Sul, distante a 115 quilômetros de Campo Grande.

A reunião foi realizada pela comissão de ética da Casa de Leis no dia 11 de junho de 2022. Na época, a parlamentar Andréia Fim, foi acusada de constranger e humilhar uma servidora pública durante o expediente em um centro de fisioterapia da cidade. A vereadora, inclusive, não participou na sessão e justificou que o motivo seria problemas de saúde do filho.

O magistrado acatou as justificativas da parlamentar e determinou que a normativa prevaleça. “Confirmo a liminar anteriormente deferida e concedo a segurança, para o fim, de declarar a nulidade da sessão extraordinária ocorrida em 11 de julho de 2022 na Câmara Municipal de Nova Alvorada do Sul/MS”.

“Bem como para determinar que a Câmara de Vereadores de Nova Alvorada do Sul/MS se abstenha de submeter à votação em escrutínio secreto o relatório exarado no Processo Administrativo Disciplinar n.º 01/2022, podendo realizá-lo mediante votação nominal (aberta). Sem custas”, considerou.

Apesar da sentença ser do dia 28 setembro 2023, a defesa da vereadora só foi notificada agora, bem como a Câmara Municipal de Nova Alvorada do Sul, que foi intimada no dia 20 de janeiro. A Casa de Leis ainda pode recorrer da decisão no prazo de 15 dias.

Entenda

Conforme relatado nos autos do processo, a parlamentar teria ido até uma unidade exercendo o papel legislativo e questionado a demora no atendimento de alguns pacientes, quando perguntou ao coordenador do centro como estava a demanda de serviços, onde foi apresentado um relatório contendo todas as informações.

Ao longo da conversa entre Andrea e o coordenador, ele disse à vereadora que uma das profissionais da unidade médica sofria com problema de coluna e não conseguia atender mais que quatro pacientes por dia. Andreia, por sua vez, teria falado sobre o problema de saúde da fisioterapeuta e quais seriam as opções para otimizar os tratamentos dos demais pacientes.

O diálogo acabou sendo ouvido pelo profissional, que se sentiu ofendida e denunciou o episódio como perturbação de trabalho e sossego alheio. A denúncia foi protocolada na Câmara Municipal no dia 12 de abril daquele ano e chegou ao conhecimento da Comissão de Ética no dia 27, quando passou a ser analisada. O processo correu durante o mês de maio e junho, mas a decisão final foi deliberada apenas no dia 30 de junho de 2022.

Na época, o documento foi assinado pelo presidente da Comissão, Rober Mauro Ojeda (Republicanos), o vice Paulo Roberto de Oliveira (PT) e o relator Gomes de Souza (PDT).

O outro lado

Após ser afastada naquele ano, a vereadora Andreia Fim disse à reportagem que a decisão se baseou em posicionamentos políticos e que mesmo diante das acusações está disposta a esclarecer a verdade. “Estão usando da política para me afastar do exercício e alegando quebra de decoro parlamentar. O ato denunciado foi investigado e apurado, se fosse verdade, o boletim de ocorrência não teria sido arquivado. Mas firme para esclarecer a verdade e tenho todo o processo em mãos para quem quiser consultá-lo”, esclareceu.

Nesta terça-feira (23), o Midiamax entrou em contato com o presidente da Câmara Municipal, vereador Sidcley Brasil (MDB), para posicionamento diante da decisão, mas até a publicação não obteve retorno. A reportagem está passível de atualização para inclusão de eventual posicionamento sobre o tema.