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Política

Deputada questiona Riedel sobre recolhimento de livro com termos de baixo calão

A deputada estadual Gleice Janes (PT) ingressou na última quinta-feira (14) com requerimento de informação junto à mesa diretora da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) a fim de cobrar do governador Eduardo Riedel (PSDB) explicação sobre ordem de recolhimento da obra “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório. A obra tornou-se alvo … Continued
Guilherme Cavalcante -
Obra alvo de polêmica estava em 75 das 349 escolas da REE (Divulgação)

A deputada estadual Gleice Janes (PT) ingressou na última quinta-feira (14) com requerimento de informação junto à mesa diretora da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) a fim de cobrar do governador Eduardo Riedel (PSDB) explicação sobre ordem de recolhimento da obra “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório.

A obra tornou-se alvo de polêmica após diretora de escola estadual do Rio Grande do Sul viralizar nas redes sociais ao expor trechos com linguagem de baixo calão, o que ocasionou efeito cascata com críticas – inclusive na Alems – e o posterior recolhimento de exemplares em vários estados, como Paraná e Mato Grosso do Sul.

O requerimento da parlamentar considera que o livro, vencedor do Prêmio Jabuti de 2021, integra o PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático) e, portanto, respeitou as normas da resolução 15/2018 do CD/FNDE (Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Ela também aponta que a utilização pedagógica da obra é acompanhada de um material de apoio para guiar os professores.

Assim, Janes pede informações sobre como foi constituída a “comissão de profissionais com competência de análise e crítica literária, ou ao menos ligados à área da educação. Ela também requer dados sobre o que motivou a escolha do livro “O Avesso da Pele” por professores de 75 escolas estaduais de MS.

O requerimento ainda pede detalhamento se a decisão de recolher as obras é defintiva, destinação do material didático e, por fim, se a análise que supostamente decidiu pelo recolhimento considerou o sistema de Classificação Indicativa, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Decisão foi definitiva e unilateral

O Jornal Midiamax já havia apurado junto ao Governo do Estado que a decisão de recolher “O Avesso da Pele” foi unilateral e definitiva, partindo do gabinete do governador, e formalizada por meio de uma CI (comunicação interna) da SED (Secretaria de Estado de Educação).

“A medida se dá em função da linguagem utilizada em trechos contendo expressões consideradas impróprias para a faixa etária da maioria dos estudantes atendida pela REE (Rede Estadual de Ensino), por uso de termos que inviabilizam a utilização pedagógica em ambiente escolar”, traz trecho da CI.

Desta forma, os exemplares recolhidos ficarão no acervo da SED e não retornarão às salas de aula. Antes da ordem, a SED já havia comunicado que faria “uma análise mais aprofundada da obra em especial para os devidos encaminhamentos”. Contudo, a ordem de recolhimento precedeu esse rito de análise.

Quem é Tenório e do que fala “o livro”O Avesso da Pele”?

Jeferson Tenório nasceu no , em 1977. Radicado em , é doutorando em teoria literária pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Estreou na literatura com o romance ‘O beijo na parede’ (2013), eleito o livro do ano pela Associação Gaúcha de Escritores. Teve textos adaptados para o teatro e contos traduzidos para o inglês e o espanhol.

Já o livro ‘O Avesso da Pele’, publicado em 2020, conta a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. A história escancara o racismo e o sistema educacional defasado do Brasil.

Segundo o próprio autor, ‘O Avesso da Pele’ já foi adotado em centenas de escolas pelo Brasil. A obra venceu o Prêmio Jabuti, teve direitos de publicação vendidos para mais de 10 países e ganhou adaptação para o teatro. Segundo Tenório, no caso do protesto na cidade gaúcha, a própria diretora assinou a ata de escolha do livro, que foi avaliado pelo PNLD, ainda no governo Bolsonaro, em 2021.

Na publicação que fez após a repercussão negativa de seu livro, Jeferson lamentou o ocorrido e pontuou que “as distorções e fake news são estratégias de uma extrema-direita que promove a desinformação” e que “o mais curioso é que as palavras de ‘baixo calão’ e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras”, acrescentou.

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