Coordenador de campanha do deputado federal Beto Pereira (PSDB), pré-candidato à prefeitura de Campo Grande nas eleições deste ano pelos tucanos, Ademir Santana minimizou nesta quinta-feira (4) durante visita à Câmara a prisão do vereador Claudinho Serra. “Eu já fui taxado de maior bandido do Estado e fui absolvido”, comentou.

Santana deixou a vaga de vereador para Claudinho, como reforçou nesta quinta-feira, “convocado pela executiva do partido” para ajudar na campanha. Com isso, Serra, que ficaria sem uma vaga de vereador após o retorno de João Rocha (PP) à Câmara, acabou se mantendo no cargo.

“Já passei por isso [investigação] e depois fui absolvido. Na época fui taxado de maior bandido do Estado e nada me abalou. Tive 4.118 votos, tem gente que acredita e confia na gente. Alguns perderam [a confiança], mas é normal, faz parte do jogo. Acredito na Justiça, que me absolveu. Então, quem sou eu para julgar?”, aponta.

Santana foi investigado por ter ligação com agiotagem e extorsão e teve pedido de prisão negado em 2020, durante a Operação Omertà.

Durante as investigações, foi apontada a suspeita de que o vereador trabalhou como motorista dos chefes do esquema e teria participado do transporte de vítimas da agiotagem. Relatos apontam que ele supostamente teria coagido e ameaçado um casal devedor, dizendo que os levaria para ‘negociar’ com seus superiores. Santana foi absolvido das acusações.

Segundo o coordenador de campanha de Beto, ‘nada abala o PSDB’. “Estou aqui inclusive para fazer articulações políticas, já que a janela partidária fecha amanhã”, contou.

Prisão de vereador

O vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB) foi preso preventivamente na quarta-feira (3) após mandado de prisão autorizado pela Justiça por suspeitas de esquema de corrupção, durante a terceira fase da Operação Tromper. Não foi encontrada arma durante busca e apreensão na casa do vereador, em um condomínio da Capital.

O parlamentar é ex-secretário de Fazenda, Tributação e Gestão Estratégica de Sidrolândia e um dos oito alvos de prisão da operação, comandada pelo Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da Polícia Militar, que apura corrupção na prefeitura de Sidrolândia.

Foram autorizados o cumprimento de 28 mandados de busca e apreensão por suspeita de corrupção em contratos de asfalto, segundo divulgou o MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul).

A investigação, tocada pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Sidrolândia, ratificou a efetiva existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e contratos administrativos com a Prefeitura Municipal de Sidrolândia, bem como o pagamento de propina a agentes públicos municipais.

Também foi identificada nova ramificação da organização criminosa, atuante no ramo de engenharia e pavimentação asfáltica. Os contratos já identificados e objetos da investigação alcançam o montante aproximado de R$ 15 milhões.

A operação contou com o apoio operacional do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque e da Força Tática da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul, além da assessoria militar do MPMS.

Operação Tromper

Nas duas primeiras fases da Operação Tromper, os agentes investigaram corrupção na prefeitura de Sidrolândia, cidade distante 70 quilômetros de Campo Grande. Durante as investigações, foi descoberto, segundo o Gecoc, conluio entre empresas que participaram de licitações e firmaram contratos com a Prefeitura de Sidrolândia, que somados chegam a valores milionários.

Ainda segundo as apurações, também foi investigada a existência de uma organização criminosa voltada a fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, bem como o pagamento de propina a agentes públicos, inclusive em troca do compartilhamento de informações privilegiadas da administração pública.

A reportagem tentou contato com o vereador Claudinho Serra, por telefone, e nenhuma ligação foi atendida. A prefeita Vanda também não atendeu as ligações.