“Visionário”. Esta é palavra mais usada por familiares, amigos, eleitores e até adversários políticos durante o velório do ex-prefeito e deputado constituinte José Elias Moreira, ‘Zé Elias’ como era conhecido, nesta quinta-feira. O político douradense morreu aos 82 anos, em decorrência de um câncer e será sepultado às 16 horas no cemitério Santo Antônio de Pádua.

Fabiano Costa, arquiteto urbanista e genro de Zé Elias, falando em nome da família, descreveu o sogro como uma pessoa a frente do tempo e que sempre pautou as ações políticas em favor da comunidade. “Ele amava essa cidade e sempre procurou fazer as coisas pensado na população”.

“Há 40 anos ele teve uma visão de planejamento urbano diante do município que fez com chegássemos a uma qualidade cidade que temos hoje. Temas como drenagem, esgotamento sanitários e outras obras sociais foram implementadas por ele em Dourados”, explica Fabiano.

O presidente da Câmara de Dourados, Laudir Munaretto (MDB), também ressaltou a condição que Zé Elias tinha de trabalhar em projetos que deixaram marcas na cidade e também dos conselhos políticos que recebeu.

“A gente conversava muito e ele sempre me dava boas orientações. Ele foi o melhor prefeito que essa cidade já teve e deixa um grande legado. Foi ele que trabalhou o município para que tivesse um crescimento futuro. Falo isso sem nenhuma dúvida, com base em tudo que presenciei”, comenta Munaretto.

Fabiano Costa, genro de Zé Elias, falou em nome da família (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Convivência de décadas

Said Martins Silveira, 60 anos, conheceu o político José Elias Moreira quando ainda era jovem. Essa convivência durou décadas e uniu trabalho e amizade. “Acompanhei boa parte da sua trajetória política ao longo de mais de 40 anos. Ele sempre estava com pensamento lá na frente”, relata.

“Eu sempre tive ele como uma liderança e uma referência em todos os sentidos. Eu comecei a trabalhar com ele na prefeitura como office boy. De lá para cá cresci junto com ele. Toda essa infraestrutura que Dourados tem hoje, deve-se a essa visão desenvolvimentista que ele sempre teve”, comenta Said.

Said Martins Silveira conviveu com Zé Elias por mais de 4 décadas (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Adversário respeitoso

Entre os presentes no velório do ex-prefeito de Dourados estava o ex-vereador e também ex-deputado estadual Roberto Djalma Barros. Ao longo de anos os dois construíram uma amizade marcada por grandes embates políticos que extrapolaram os limites da cidade.

“Eu nunca passei a mão na cabeça dele e nem ele na minha. Éramos adversários políticos e durante os seis anos em fui vereador, fiz oposição ferrenha, diferente dessas que existe aí. Quando ele tinha um projeto político diferente, a gente se encontrava, discutia e se ele comprovasse que era bom, eu era o primeiro a votar a favor”, conta Djalma.

O ex-vereador e ex-deputado não esconde que pegou muito no pé do adversário e que em alguns momentos até extrapolou. “Quando o Zé estava construindo a sua casa. Fui lá e coloquei uma placa anônima com os seguintes dizeres: [aqui está o dinheiro do povo]. Ele ficou muito bravo depois que eu contei para ele que eu era responsável pela ofensa. Com o passar do tempo a gente riu de tudo e penso que ele me perdoou”.

Ex-vereador e ex-deputado, Djalma Barros, foi adversário político (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

“Maior e mais ousado prefeito”

Jornalistas geralmente não gostam de dar entrevistas e Valfrido Silva não foge à regra. Entretanto, ele não se esquiva na hora de emitir opiniões sobre a conjuntura política da cidade, sempre com ‘contrapontos’, em alusão ao seu próprio site.

“Na condição de jornalista sou suspeito para falar. Mas sempre escrevi que o Zé Elias foi o maior e mais ousado prefeito que Dourados já teve. E qual o critério para dizer isso? O critério é de quem acompanhou essa história. De quem presenciou e de quem estava dentro dela. Eu o conheci quando chegou em Dourados como engenheiro agrônomo”, explica.

Valfrido aponta alguns feitos de Zé Elias que transformaram a cidade. “Depois dos projetos de colonização agrária desenvolvidos em município vizinhos, vem o Zé Elias com a Cooperativa Habitacional, que construía casas financiadas pelo BNH. Esses conjuntos que existem aqui BNH 1, 2, 3 e 4, que viraram verdadeiras cidades, são coisas do Zé Elias antes dele ser prefeito”.

O jornalista relata, ainda, que assim Zé Elias se tornou prefeito, ele (Valfrido) já era insubordinado naquela e que bateu muito nele. “Quando ele começou a administração foi um susto. Ele deu um choque na cidade e rasgou toda ela para colocar esgoto e água encanada. Coisa que não existia”, conta Valfrido.