Vereador usou tribuna antes de operação em MS para alerta: ‘não fiscalizar o Executivo é crime’

Vereador que fez o alerta está entre os oito parlamentares afastados da Câmara de Maracaju pela operação

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Vereador usou a tribuna na véspera de operação que suspendeu o mandato dele e outros sete parlamentares. Foto: Reprodução; Redes Sociais.

Na última terça-feira (6), véspera da operação Dark Money – Fase do Mensalinho, o vereador Laudo Sorrilha (PSDB) usou a tribuna para citar atitudes que um parlamentar não deve ter. “O vereador que não fiscaliza o Executivo está cometendo um crime”, pontuou na Câmara de Maracaju.

Ele é um dos oito vereadores afastados da Câmara Municipal de Maracaju. A operação identificou propinas pagas a vereadores por ordem do então prefeito Maurílio Azambuja (MDB).

Os pagamentos tinham como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos e leis de seu interesse.

Durante a sessão ordinária da terça-feira (6), Sorrilha usou a tribuna para comentar sobre um projeto que concede vale-refeição aos servidores do Executivo.

Depois de lembrar que a mesma medida já havia sido adotada pela Câmara, fez críticas ao Executivo. Assim, cobrou o mesmo benefício aos servidores da prefeitura.

Logo em seguida, destacou o papel dos parlamentares e a importância da fiscalização por parte da Câmara. “O vereador que não faz leis, está cometendo crime. O vereador que não fiscaliza o executivo, está cometendo crime”, disse.

‘Enaltecimento’ de vereadores afastados

Então, Sorrilha lembrou que a Câmara autorizou o Executivo a conceder o vale-alimentação aos servidores da prefeitura. “Nós estamos fazendo nossa parte com certeza”, afirmou.

Por fim, disse que ‘enalteceu’ o presidente da Câmara, vereador Robert Ziemann (PSDB) na apresentação do projeto porque ele “tem feito ótima gestão”. “É por isso que quando o senhor apresentou o projeto, disse que o senhor poderia ser um pretenso candidato a prefeito de Maracaju”, apontou Sorrilha.

Contudo, o presidente da Câmara — também investigado e afastado pela operação — lembrou que o benefício não foi pago aos servidores da Casa de Leis. “A lei não está sendo colocada em prática, porque em oito meses antes de findar o nosso mandato de gestão da presidência, não posso gerar qualquer despesa. Inclusive vamos ter que votar novamente essa lei no início do ano”, finalizou.

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Plenário da Câmara Municipal de Maracaju. (Foto: Divulgação)

Mandatos suspensos

Oito dos 13 vereadores de Maracaju estão com os mandatos suspensos após a deflagração da Operação Dark Money – Fase Mensalinho. Entre eles, está o presidente da Casa, Robert Ziemann (PSDB).

Jornal Midiamax apurou que também estão afastados Hélio Albarello (MDB) – que foi presidente na legislatura passada –; o segundo vice-presidente, Jeferson Lopes (Patriota); o primeiro secretário da Mesa Diretora, Antônio João Marçal de Souza, o Nenê da Vista Alegre (MDB); Ilson Portela, o Catito (PSDB); Laudo Sorrilha (PSDB); Ludimar Portela, o Nego do Povo (MDB); e João Gomes Rocha, o Joãozinho Rocha (MDB).

Procurada, a assessoria da Câmara informou que não tinha detalhes da ação, já que os policiais civis cumpriram os mandados nesta manhã. O prefeito Marcos Calderan (PSDB) disse não ter conhecimento da operação, já que cumpre agenda em Bonito.

Operação

Na 3ª fase da investigação do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), foi identificado pagamento de propina a vereadores durante os meses de dezembro de 2019 e novembro de 2020. As propinas eram pagas por ordem do então prefeito Maurílio Azambuja (MDB) que, com o aval de outros servidores, tinha como objetivo afrouxar a fiscalização das contas da prefeitura pela Câmara, além de aprovar projetos e leis de seu interesse.

O pagamento de propina tinha como objetivo impedir o funcionamento adequado do Legislativo, já que é de responsabilidade deles a fiscalização. A 3ª fase foi nomeada como ‘Mensalinho’ em referência ao esquema do mensalão, que era operado em nível federal.

As investigações do Dracco apontaram que 11 dos 13 vereadores que integravam a Câmara no período teriam recebido pagamentos indevidos oriundos dos desvios feitos na Prefeitura.

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