Delegado da PF processa deputado Trutis por espalhar ‘fake news’ após investigações de atentado
O delegado Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, moveu ação na 16ª Vara Cível de Campo Grande contra o deputado federal Loester Trutis (PL), por espalhar notícias falsas, as populares ‘fake news’, relacionadas às investigações que envolvem o caso de atentado contra o parlamentar. O delegado ingressou com […]
Renan Nucci –
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O delegado Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, moveu ação na 16ª Vara Cível de Campo Grande contra o deputado federal Loester Trutis (PL), por espalhar notícias falsas, as populares ‘fake news’, relacionadas às investigações que envolvem o caso de atentado contra o parlamentar.
O delegado ingressou com pedido de liminar para exclusão das publicações e ainda pede indenização de R$ 20 mil por danos morais. Ele alega ter sido alvo de ataque pessoal descabido por parte do deputado, com mensagens desabonadoras a seu trabalho, honra e imagem.
O contexto
No dia 16 de fevereiro de 2020, Trutis e seu assessor Ciro Fidelis procuraram a Superintendência Regional da PF em Campo Grande, informando que seguiam de carro pela rodovia BR-060, quando desconhecidos se aproximaram e atiraram contra o veículo. Foi instaurado inquérito para apurar os fatos, sob coordenação de Glauber, dentre outros agentes de segurança.
Ocorre que em dado momento da investigação, os elementos apontaram que o deputado teria forjado o atentado, motivo pelo qual tanto ele quanto seu assessor passaram a ser investigados. A ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou mandados de busca e apreensão nos imóveis dos alvos.
Por fim, Ciro foi indiciado por falsa comunicação de crime e dano, enquanto que Trutis não foi indiciado por ter foro privilegiado. Os fatos vieram à tona e ganharam repercussão na imprensa, ocasião em que o deputado passou a divulgar manifestações contrárias às investigações. Porém, conforme a petição apresentada pelo delegado Glauber, as críticas foram além do inquérito e passaram a ferir a imagem do delegado com ataques pessoais.
Notícias envolvendo Trutis
O delegado entregou à 16ª Vara Cível registros cartorários de várias matérias publicadas por veículos de imprensa da região que repercutem as falas de Trutis. Há também um vídeo compartilhado pelo parlamentar no dia 18 de julho de 2021, em seu perfil no Facebook, em que chama o delegado de militante, o acusa de ser massa de manobra e de ter escondido provas, além de outras palavras de baixo calão.
Sobre esta publicação, o delegado da PF diz que embora não haja menção expressa ao seu nome, é possível deduzir que Trutis tratava de sua pessoa. Em outro episódio, parlamentar teria ofendido verbalmente o delegado durante uma live no Blog do Alípio Neto, no dia 26 de novembro de 2021, também conforme documento anexado aos autos.
Pedidos do delegado
Neste sentido, a defesa do delegado ingressou no último dia 22 com uma ação inibitória com pedido de tutela de urgência e danos morais, para que o deputado deixe de mencionar o nome de Glauber em qualquer tipo de publicação ou entrevista, bem como para que sejam excluídos todos os conteúdos e matérias nos teores do que foi apresentado na ação, sob pena de multa diária de R$ 15 mil. Por fim, pede R$ 20 mil em indenizações por danos morais. A ação está sob análise da juíza Mariel Cavalin dos Santos.
O que diz o deputado
O deputado disse que a posição dele, apesar da ação, é a mesma. Trutis sustenta que o delegado cometeu crimes durante as investigações e, ao invés de procurar os verdadeiros culpados, criou uma narrativa para tentar beneficiar terceiros. “Cometeu vários crimes, dentre eles, destruição de provas. O carro alvejado jamais poderia ter sido restituído num tempo tão curto como foi”, afirmou.
Trutis diz que não cometeu atentado contra a honra do delegado, pontuando que usou suas prerrogativas para exercer o direito da liberdade de expressão. Assim, alega que ou Glauber foi incapaz de conduzir as investigações da forma correta, ou foi conivente com os crimes supostamente cometidos nas investigações.
Neste aspecto, além da questão das provas, Trutis afirma que o dinheiro apreendido na casa dele não era alvo do mandado de busca e apreensão autorizado pela ministra, assim como as armas restituídas foram transportadas sem autorização legal. “Ele formatou o GPS usado na operação”, ressaltou.
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