‘Faltam leitos, falta oxigênio, falta caixão’: congressistas de MS defendem CPI da Pandemia

Parlamentares ouvidos pela reportagem apoiam investigação para apontar responsabilidades no combate ao coronavírus no Brasil

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Integrantes da bancada federal de MS ouvidos pela reportagem do Jornal Midiamax se manifestaram favoráveis à instalação da CPI da Pandemia no Congresso Nacional. O objetivo da apuração, caso saia do papel, é apurar as responsabilidades pelo avanço do coronavírus pelo Brasil.

Instalada há pouco mais de um ano no Brasil, a pandemia já contaminou 11.780.820 pessoas e vitimou 287.499 pessoas até esta quinta-feira (18), conforme dados do consórcio de imprensa e governos estaduais. O país vive no momento os efeitos da segunda onda, marcada por cepas mais contagiosas e um colapso quase total do sistema de Saúde –com a falta de vagas de UTI e respiradores em praticamente todos os Estados.

Paralelamente, a pandemia abriu espaço para uma discussão política acerca das medidas e responsabilidades no seu enfrentamento. O presidente Jair Bolsonaro, defensor de tratamentos preventivos contestados por organizações médicas e contrário às medidas de restrição de circulação de pessoas, culpa governadores e prefeitos pelo prejuízo econômico, ao passo que minimiza o volume de contaminados e de mortes.

Apesar disso, recentemente, o presidente fez gestos públicos em defesa da vacinação –que segue aguardando a habilitação de órgãos federais de novos imunizantes além da Coronavac (Butantan e Sinovac) e Covishield (Oxford/AstraZeneca), únicos autorizados para distribuição emergencial.

Já os governadores cobram uma maior presença do governo federal no enfrentamento à pandemia, com uma melhor logística de distribuição de insumos e habilitação de leitos de urgência e emergência. As unidades da federação têm adotado por si medidas como lockdowns e outras restrições à circulação de pessoas, de forma a evitar aglomerações –que favorecem o contágio pela Covid-19.

‘Faltam leitos, falta oxigênio, falta caixão’

O Jornal Midiamax contatou os 3 senadores e 8 deputados federais para que se manifestassem acerca da proposta para instalação da CPI da Pandemia. Até a veiculação desta reportagem, 4 deles se manifestaram.

De forma incisiva, a senadora Simone Tebet (MDB) divulgou carta aberta defendendo a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito, sob o argumento de que o país “mergulhou na cratera do ‘não’. Não há coordenação, não há plano, não há compaixão. Faltam leitos, falta oxigênio, falta caixão”.

Conforme a emedebista, audiências públicas ou o acompanhamento pelo Congresso já não é suficiente. “De pouco adianta apenas acompanhar quem navega à deriva. É preciso, urgente, uma mudança de rumos”, afirmou Simone.

Segundo ela, uma moção de apelo por ajuda internacional será elaborada pela Comissão de Relações Exteriores do Senado, algo também considerado “insuficiente”. Por isso, defendeu a CPI da Pandemia “como um instrumento de pressão, para que o governo aja com rapidez, coordenação e vontade”.

“Ou o presidente Bolsonaro se dirige à nação e demonstra, diante de todos os brasileiros, plena consciência sobre a gravidade da situação e apresenta, ao lado do Ministro da Saúde, um plano nacional de execução urgente para enfrentamento à pandemia, ou permaneceremos, todos, no caos. O Brasil precisa emergir à superfície do ‘sim’. Do sim à vida!”, disparou Simone.

Três deputados federais afirmam serem favoráveis à CPI da Pandemia

Na Câmara dos Deputados, três deputados federais que atenderam à reportagem disseram apoiar a instalação da CPI da Pandemia. Fábio Trad (PSD), disse já ter assinado pedido nesse sentido apresentado pelo deputado Raul Henry (MDB-PE). “Sou favorável à CP`MI para envolver o Congresso. O objetivo: aprofundar investigações e definir responsabilidades”, explicou.

Vander Loubet (PT) também se disse a favor de uma CPI no Congresso “para apurar tudo o que foi feito –e que não foi feito, mas devia ter sido– em relação à pandemia. O Congresso Nacional não pode ser cúmplice dessa situação”.

O parlamentar petista reforçou que a defesa da apuração “não se trata de uma questão política”. Ele fez referência à defesa de um jornalista da investigação por ser o meio legal de o parlamento “investigar e responsabilizar o governo por conta de todo esse negacionismo, descaso e incompetência que estamos assistindo desde o começo do ano passado”.

Já Dagoberto Nogueira (PDT) disse assinar e apoiar a CPI. “Temos de acordar o Bolsonaro para esse genocídio”.

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