“Está ruim seu som”, “desliga seu microfone”, “o microfone está aberto, presidente”. Já se passaram quase 400 dias de pandemia, mas, sim, a tecnologia que aproxima o que a doença exigiu distanciar, às vezes ainda apresenta seus entraves na rotina. Com o mundo em ‘live', impossível não notar as dificuldades que por vezes surgem. As frases citadas em aspas são comuns durante lives na e, nestes casos, foram registradas na sessão da Câmara Municipal de Campo Grande na quinta-feira (15).

Em março de 2020, quando as primeiras medidas de isolamento foram decretadas, a Casa de Leis continuou com reuniões no plenário, mas proibiu acesso de pessoas de fora. Com o agravamento da pandemia nos meses seguintes, foram adotadas sessões virtuais, que chegaram a ser revogadas no começo deste ano.

No entanto, em mais uma onda e com quadro ainda mais severo de casos e mortes em Campo Grande, o Legislativo ‘voltou' para casa, escritórios e gabinetes dos parlamentares, contando com a conexão de cada um. Com isso, a comunicação, às vezes falha.

‘Bom mesmo é presencial'

“A questão da tecnologia pegou a gente meio de surpresa. São muitos vereadores. Os equipamentos da Câmara são todos novos, mas a fiação não é muito boa”, explica o presidente, vereador Carlão (PSB).

A impaciência na hora de ouvir e compreender o que o parlamentar fala não é só de quem assiste. Não faltam avisos dos vereadores sobre problena na conexão do colega ou áudio desligado. “Quando o vereador está fora da Câmara, às vezes a internet também é ruim”. Como é possível ver durante a transmissão, muitos parlamentares participam da sessão de seus gabinetes, todos localizados no prédio do poder legislativo municipal.

Com a internet boa ou lenta, o presidente pondera que, ‘o bom mesmo' é sessão presencial, proibida pelo agravamento da pandemia em Campo Grande. Sequer há data prevista para retorno ao plenário. “Alguns parlamentares, eu também, gostam mais de estar no calor humano, mas devagar vamos aprendendo”. Segundo o dirigente, já foi pedido um levantamento para identificação de eventuais problemas que prejudicam os diálogos. 

‘Desvio de foco'

“Muitas vezes, por cada vereador estar em outro ambiente que não seja a Câmara, alguns desviam o foco”, opina o vereador Ronilço Guerreiro (Podemos). Em alguns momentos, isso poderia explicar o microfone fechado quando precisa estar aberto e vice-versa. Para o parlamentar, a situação depende do assunto que está sendo discutido na hora.